Estou tentando tirar minha carteira de motorista aqui no Canadá.
Aqui tem um esquema bem interessante para tirar carteira. Quando você completa 16 anos, pode fazer uma prova escrita, que contém perguntas tanto sobre plaquinhas de trânsito (igual no Brasil) quanto sobre regras em geral. Se você passar, ganha uma carteira de motorista tipo G1. Na verdade ela é basicamente uma permissão para aprender a dirigir. Tendo essa G1, você só pode dirigir se do seu lado estiver um adulto que já tenha carteira há pelo menos 4 anos. Também não pode dirigir de madrugada, não pode ter mais ninguém no carro, não pode dirigir em rodovias, etc. Enfim, só adianta mesmo pra aprender a dirigir.
Depois de um ano, se tudo correr bem, aí você faz um teste de rua e, se passar, ganha a carteira G2. Com essa você já pode dirigir sozinho, mas ainda tem algumas restrições. Depois de 1 ano com a carteira G2, você faz outro teste, que inclui dirigir em rodovias. Se passar, aí sim você tem sua carteira definitiva.
Achei legal. Quer dizer, legal pra quem nasce aqui. Pensar em passar por todo esse processo não me pareceu nada divertido!! Mas felizmente, se você já tinha carteira de motorista em outro país, tem uma solução mais curta. Ufa! Primeiro, tivemos que ir no consulado pedir um documento atestando que a nossa carteira de motorista é válida, quando foi emitida, etc. Não satisfeitos, mesmo assim temos que fazer uma tradução juramentada da carteira. E não adianta trazer do Brasil. Tem que ser feita por um tradutor da associação dos tradutores de Ontario (província à qual Toronto pertence). Taxa no consulado, mais taxa de 40dólares do tradutor. Como meu nome de casada não está na carteira de motorista, ainda tive que pagar mais 60dólares para traduzir a certidão de casamento.
Aí fui em um dos centros de direção e fiz a prova de conhecimento (mais 85 dólares) e já saí com a carteira G1. Achei que talvez não fosse passar. Quando comecei a estudar, me deparei com cada pergunta que eu não fazia ideia da resposta!! Exemplos:
Você deve dirigir em uma velocidade que te permita:
a) Parar em 60 metros
b) Parar em 150 metros
c) Parar em 90 metros
d) Parar em uma distância segura
E agora, cara pálida? Tinha perguntas do tipo "Que distância você deve manter do carro da frente? 2 segundos? 3 segundos? 5segundos?" ou "A quantos metros do veículo da frente você deve usar luz baixa?"ou, pior, "Quando um ônibus escolar está parado com as luzes piscando, quantos pontos você perde na carteira se não parar o carro?".
Ah, aqui é uma infração gravíssima não parar o carro quando o ônibus escolar está com as luzes piscando. Ele pisca quando crianças estão subindo ou descendo do ônibus. E nesse momento, ninguém pode se mexer. Todos os carros dos dois lados da rua precisam ficar parados e a uma boa distância (pelo menos 20 metros). Então tá, né? No meu tempo as mães ensinavam as crianças a olhar pros dois lados antes de atravessar a rua, mas tudo bem. :-) Uma hora vou pesquisar o número de atropelamentos por aqui, deve ser bem baixo...
Enfim, estudei, passei e agora, como já tenho carteira de motorista estrangeira, posso fazer direto um teste de rua e, se passar, ganho a carteira de motorista definitiva.
Mas... diz a lenda que a prova aqui também é cheia de coisinhas. Não é igual no Brasil, que é só seguir as regras, ir devagarzinho, não deixar o carro morrer e beleza. Não, aqui você tem que se "inserir no trânsito". Ou seja, tem que dirigir sem atrapalhar ninguém ou, em bom português, não pode ser uma anta. Se dirigir meio devagar, reprova. Se tirar o pé do acelerador pra trocar de faixa, reprova. Ah, aqui também é preciso olhar por cima do ombro e não apenas pelos retrovisores. Se você vai mudar de faixa, tem que olhar MESMO, virando a cabeça e até girando um pouquinho o corpo. Se olhar só no retrovisor, reprova. Vamos ver se vou lembrar de tudo isso no dia da prova... Fora as regras diferentes, tipo virar à direita com sinal vermelho (pode, desde que não tenha placa dizendo que não pode). Ou até virar à esquerda com sinal vermelho, se a rua que você está virando for mão única. Se você estiver parado no sinal vermelho, não tiver trânsito nenhum na rua de mão única que você vai virar, tiver um carro parado atrás de você e você não virar logo, adivinha? Adivinharam, hehehe. Reprova. :-) Afinal, estou atrapalhando o carro atrás de mim à toa.
Ah, e quando estou esperando pra virar à esquerda, o carro não pode ficar na diagonal (nem sequer os pneus). Tenho que ficar com o carro como se eu fosse ir reto. Por quê? Porque vai que um carro bate atrás de mim e eu já estou com os pneus pra esquerda? Aí meu carro vai ser jogado ao encontro dos carros que estão vindo na direção contrária. Entenderam? Pois é, aqui tem regra pra tudo. Por isso vou fazer pelo menos uma aulinha com um instrutor oficial aqui, pra ele me dizer se acha que eu estou dirigindo muito brasileiramente.
Até agora só dirigi aqui uma vez, um dia que alugamos um carro. Eu já tinha dirigido no Canadá em 2008 e achado tranquilo. Mas dessa vez fiquei tentando me lembrar de todas essas coisinhas, aí fiquei meio tensa. Ainda mais tentando me entender com o gps e com o Alessandro reclamando do meu lado... Ainda bem que pelo menos o Nathan tava quietinho esse dia.
Aliás, já compramos uma cadeirinha de carro pra ele, mesmo sem ter carro. Parece que a multa se pegarem uma criança fora da cadeirinha é 5000 dólares. Com isso, a cadeirinha de quase 300 pareceu até barata. :-) Até tinha várias marcas e modelos mais baratos, mas... já que tô pagando pela segurança dele, então vamos fazer a coisa direito. Comprei um dos mais seguros em caso de impacto lateral (é sempre considerado o maior perigo para bebezinhos em cadeirinhas de carro). Na verdade, comprei o mesmo modelo que tínhamos no Brasil. Naquela época, pesquisei um mooooooooonte. Então agora resolvi economizar tempo e aproveitei pra comprar o mesmo. Ou quase o mesmo. No Brasil Eu tinha o Britax Marathon, agora tenho o Britax Marathon 65, há! Com algumas melhorias.
O Nathan parecia estar com saudade da cadeirinha, vejam só! Quando chegamos perto do carro e ele viu a cadeirinha, já ficou se contorcendo todo no meu colo e esticando os bracinhos, querendo sentar logo. Fizemos várias paradas esse dia e, após todas elas, ele voltou pra cadeirinha numa boa, não deu trabalho nenhum. Olhou um pouco a paisagem, dormiu um pouco... tudo tranquilo.
No Brasil ele não era assim tão fã de cadeirinha. Logo que sentava, se tivesse alguém do lado ele ficava quietinho, mas só por algum tempo. Depois de uns 5 minutos já começava a reclamar. Aí o acompanhante tinha que ficar cantando, brincando, lendo historinha, senão ele ficava gritando. A não ser que estivesse com sono, aí ele dormia.
Outra hora triste era quando eu o buscava na escolinha. Como eu tinha ficado o dia inteiro longe dele, logo que eu chegava na escolinha ele ficava super feliz quando me via, abria aquele sorriso e vinha na minha direção. Bom, no começo ele era muito pequenininho, então ele só chorava me olhando. Mais pra frente vinha engatinhando e, nos últimos dias de escolinha, andando. Aí beleza, muito abraço, muito beijo e... hora de ir pra cadeirinha, pra ir pra casa. Ah, aí ele ficava bravo. Depois de um dia inteiro longe, não queria se separar de mim pra nada. Então o trajeto da escolinha até em casa era tortura! Mesmo durando só 3 ou 4 minutos.
Agora que estamos juntos o tempo todo, acho que ele perdeu o trauma de cadeirinha. Que bom. :-) Acho que ele gosta mais da cadeirinha do que do carrinho. Realmente, é bem mais confortável... É toddler Nathan, torce pra eu conseguir tirar logo minha carteira, hehehe.