Em abril, eu escrevi em outro post que na nossa província, Ontario, você só tem direito ao sistema de saúde gratuito após 3 meses, lembram? Pois é, passaram 3 meses, as carteirinhas chegaram e com isso ganhei uma nova missão: procurar um médico de família.
Aqui funciona assim: o seu médico principal é o tal "médico de família". E embora o nome sugira e seja muito mais prático e útil que a família inteira se consulte com a mesma pessoa, isso não é obrigatório. Ele é apenas o seu médico default. Não importa o que você tenha ou o que você precise, é nele que você vai. Seja dor de cabeça, dor de barriga, dor de ouvido, micose, febre, tosse, herpes, vômito, problemas de visão, unha encravada, dor nas costas... Enfim, deu pra entender, né? Acho que equivale a um clínico geral. Você vai nele e, se necessário, ele te encaminha pra um especialista.
Ok, mas aí vem a parte mais difícil: achar um. Como a ideia é que você arrume um médico e fique com ele até que a morte os separem, os médicos não podem simplesmente ir aceitando todo mundo que bata na porta. Se eles tiverem sob seus cuidados muita gente, aí sempre vai ser difícil para os pacientes conseguirem uma boa data para consulta. É uma pena, porque você talvez tenha um amigo que tem um médico que é um sooonho, maravilhoso, mas você não pode se consultar com ele, porque não está aceitando novos clientes.
Então aqui funciona assim. Você liga para um número (tipo secretaria de saúde) e a mensagem automática te dá o nome e telefone de vários médicos que estão aceitando novos pacientes. Tem uma página na internet também, mas é um pouco menos atualizada.
De posse do nome e telefone dos médicos, qual é o próximo passo? Oras, pesquisar na internet, é claro. :-) Eu peguei o nome de 7 médicos e fui colocando no google. Acabei encontrando uma página sensacional, que tem não apenas o currículo dos médicos, mas "reviews". Sim, reviews!! Sabe quando você compra uma geladeira e vai lá no site dar sua opinião? Pois é, aqui tem sites com opinião sobre os médicos. Gente falando que tal médico empurra muito remédio, outro que sempre atrasa, outro que é difícil marcar consultas e por aí vai.
De cara descartei os formados na Índia. Sorry, preconceito total. :-( Mas acho tão difícil entender aquele sotaque indiano e a comunicação com um médico é fundamental, né? Deixei lá no fundo da lista, pra recorrer só se não gostasse dos outros. Review vai, review vem, me decidi por uma médica canadense, formada aqui na região, com reviews que diziam que ela não é daquelas que adora empurrar remédio. Pra mim isso é fundamental, já que eu odeio remédios. Pra mim remédio só se tudo o mais falhar. Não é que eu tenha algo contra engolir balinhas, mas todo remédio traz junto um risco (mesmo pequeno) de efeito colateral. Fora que para o organismo é saudável enfrentar as doenças sozinho. O sistema imunológico fica fortalecido.
Enfim, liguei e marquei a consulta inicial. Essa 1a. consulta parece uma entrevista de emprego. Sendo que EU sou o entrevistador. A médica se apresentou, falando coisas tipo "Oi, meu nome é tal, eu sou formada em tal universidade, sou médica há x anos, especialista em blá, gosto de trabalhar com prevenção, minha política pra vacinas é x, eu atendo pacientes em casa..." e por aí vai. Sensacional, hã? Eu até já sabia quase tudo o que ela disse, porque tinha visto o currículo na internet. Mas achei bem interessante a "entrevista". :-)
Depois dessa apresentação inicial, se você decidir que quer a pessoa como seu médico de família, você preenche um formulário que é enviado pro governo de Ontario, declarando oficialmente aquele médico como "seu" e ele, por sua vez, te declara como paciente. Uma vez assinado, se você se arrepender e quiser mudar, só pode depois de no mínimo 6 meses.
Pra falar a verdade, na apresentação inicial eu não achei a médica suuuuper legal. Eu queria fazer perguntas, mas ela respondia sem profundidade, dizendo que ia deixar pra discutir melhor na consulta "de verdade". E embora ela não tenha sida mal educada, achei que ela não se esforçou nada pra ser simpática. Mas... ela estava grávida! De gêmeos. Portanto, eu dei um desconto, hehehe. Conheço mulheres maravilhosas que viraram grávidas xiliquentas. :-) Então, considerando os bons reviews que li na internet e que dava pra mudar de médico depois, resolvi assinar os papéis.
Isso foi no final de maio. A primeira consulta "de verdade" tava marcada pro começo de julho. Eu lembrava que a consulta era no dia 21 de julho e, embora achasse que era às 10:00, tava marcada há tanto tempo que, uma semana antes, liguei pra confirmar o horário. A recepcionista me disse que sim, realmente era às 10:00... da semana anterior. Gaaaaaahhh!! Que raiva!!! Por que eu não anotei no meu calendar assim que cheguei em casa? Por quê? Por quê? Por quê??? E a atendente ainda me avisou que em breve eu receberia pelo correio uma conta. Gaaaaaaaaah! Por quê? Por quê? Por quê??? Em casos normais, é o governo que paga pelas consultas. Mas... se você faltou e não avisou, o médico ficou lá de bobeira e não recebeu. Logo, paga, moleque!!
Então tá, né? Consulta remarcada pra 11/agosto, ontem. Fui pra consulta "meio assim", já que não tinha achado a médica super legal da primeira vez. Mas, para minha alegria, ontem eu adorei o atendimento!! Ela atendeu a mim, ao Nathan e ao Alessandro e, no total, ficamos mais de uma hora e meia em consulta. Todo mundo pesado e medido, anotou todo o nosso "passado" médico. Aquelas perguntas de praxe: se alguém da família teve câncer, diabetes, ataque cardíaco antes dos 60anos, pressão alta, depressão, etc.
Aqui no Canadá as vacinas são aplicadas pelos médicos de família, nos consultórios. O Alessandro tomou reforço de tétano. E o Nathan... tadinho... tomou vacina e chorou, chorou, chorou, chorou, chorou, chorou, chorou, chorou, chorou, chorou, chorou, chorou, chorou, chorou, chorou, chorou, chorou, chorou, chorou, chorou, chorou, chorou, chorou, chorou, chorou, chorou, chorou, chorou, chorou, chorou, chorou, chorou, chorou, chorou, chorou, chorou, chorou, chorou, chorou, chorou... Acho que só uma outra vez na vida o vi chorar tanto assim. Chorou de dor e de susto, também. Tadinho... Não tem como uma criancinha entender o que aconteceu. Ele deve ter se sentido traído. "Poxa, mamãe segurou meus bracinhos e papai minhas perninhas pra essas moças me machucarem? Por quê? Por quê? Por quê?". Sorry Nathan, um dia eu te explico. Você vai entender!
Depois da vacina, a médica e o Alessandro saíram do consultório e eu fiquei lá tentando acalmar o Nathan. Mas o choro não passava, não passava, não passava. Perguntei se queria mamar, não queria. Cheguei a abrir a porta, mas ele viu a médica do lado de fora e gritava ainda mais alto e tentava fechar a porta. Fechei de novo e lembrei que tinha uma chupeta na mochila! Dei a chupeta e aí finalmente ele parou de chorar e até mamou um pouco. Mas mesmo depois de um tempo calmo, quando saímos da sala o choro voltou. Provavelmente porque ele viu a médica...
Ela ainda queria falar algumas coisas com a gente sobre o Nathan, mas aí ficamos conversando na salinha de espera, mesmo, aproveitando que não tinha ninguém lá. Porque voltar pra salinha o Nathan não queria de jeito nenhum. Finalmente ele começou a brincar com uns adesivos que ela deu e ficou quieto. Ufa, que dureza! Já fico triste só de pensar que tenho que voltar em um mês para dar o reforço.
Mas enfim, agora pelo menos estou tranquila em relação a médicos. O esquema do consultório também é legal porque, a qualquer hora do dia ou da noite, você pode ligar lá que a mensagem automático te dá o nome de algum outor médico da "equipe" da médica que está de plantão. E, se tudo o mais falhar, você sempre pode ir direto a um hospital ou walk-in clinic. Acho que também falei dessas clínicas naquele mesmo post que citei no começo. São lugares onde você vai e é atendido na hora (errr, mais ou menos na hora, né? Depende da sorte e da fila) mesmo sem marcar consulta. Bom, agora não estou vendo nenhum motivo que me levaria a uma clínica assim... Mas é bom saber que elas existem, caso eu precise.
Uau! Que máximo esta história da entrevista! Quem me dera tivesse algo parecido por aqui.. Até temos médico da família, mas nunca dei sorte de achar um bom, por isso vou direto no especialista, para não perder tempo...
ResponderExcluirE vocÊ já conhece os supletnes para quando a médica tiver os nenéns? Ela pretende ficar muito tempo de licença?
Ah bom, também corro o risco de ela não ser tão boa assim. Acho que só quando tiver alguém doente pra gente descobrir, né? Afinal, pesar, medir, tirar pressão e fazer perguntas até eu sei. :-)
ResponderExcluirNão conheço os suplentes e espero nem conhecê-los, hehehe. Ela disse que não vai ficar muito tempo, mas não sabe quanto.
Outra coisa boa lá, que esqueci de comentar, é que as mocinhas recepcionistas que atendem o telefone são enfermeiras. Então elas sempre dão dicas e podem te ajudar a decidir se você precisa de ajuda urgente ou não.
Oi Lica tem um novo video da sua sobrinha no blog,
ResponderExcluirde uma olhadinha
Bjossss
Oi! Esquisito a médica mostrar seu currtículo querendo te conquistar né! e me diz, ela trata o Nathan? Ou encaminhará pra um pediatra se precisar? Ai, graças à Deus que agora só com 4 anos vacina na Betina!Morria, me cortava o coração ver aquela carinha magoada comigo...Bjo
ResponderExcluirAh, eu achei legal, hehehe. E isso que a saúde é pública, hein? Imagine se fosse médico particular! Iam oferecer champanhe na sala de espera, hehehe.
ResponderExcluirEm princípio as consultas de rotina do Nathan são com ela, mesmo. Mas encaminha pra um pediatra se precisar. Ela me disse que se eu quiser, mesmo sem precisar, ela me dá indicação também. Mas como por enquanto ele nunca tem nada, vou continuar com ela, por enquanto.
Pois é, eu não dei quase vacina nenhuma no Nathan no Brasil (só pólio e DTP), agora que ele vai ficar mais atualizado. Não igual ficaria no Brasil, pois aqui não se dá BCG nem rotavírus. E Hepatite B só na pré-adolescência.
O bom é que quando a gente espera pra dar as vacinas, normalmente só precisa de 1 dose em vez de 3. :-) Porque com essa idade a resposta imunológica já é muito melhor.