quarta-feira, 16 de maio de 2012

Hypnobirthing, o livro (post 2 - como o medo afeta o parto)

Dando sequência ao post de ontem, vou descrever as partes principais de mais um capítulo do livro Hypnobirthing, de Marie Mongan.

2. Como o Medo Afeta o Parto
  A autora diz que "a crença na dor em torno do parto é tão grande que, em vez de questionar a validade do conceito, existem apenas esforços no sentido de racionalizar sua importância e atribuir motivos e propósitos a ela."
 Para alguns, a dor é um sinal que te alerta, para que você saiba que está em trabalho de parto. Outros sugerem que você encare a dor do parto como uma dor amiga. Outros reverenciam a dor do parto, a vendo como um veículo por meio do qual a mulher atinge o empoderamento da maternidade. Para muitas mulheres, esses argumentos não são convincentes. Dor é dor e pronto.
 
  Ocasionalmente alguém pergunta a Mongan por que os seres humanos não parem seus bebês assim como cães, gatos e outros animais, que não parecem sofrer. Ela então comenta que cavalos e outros animais atrasam o início de seus partos ou os "desligam" quando não se sentem confortáveis em seu ambiente ou se sentem em perigo. Não seria razoável, então, supor que os corpos das mulheres têm a mesma capacidade?
  Comentário meu: Achei isso interessantíssimo. Volta e meia leio relatos de partos em que mulheres estão em casa, dilatando, o trabalho de parto evoluindo, aí chegam no hospital e.... tudo trava! As contrações ficam mais espaçadas, a dilatação estanca, etc.

O seu Maravilhoso Dispositivo de Parto: o Útero
  Há 3 camadas de músculos no útero. As 2 camadas que nos interessam são: 1) a camada externa, com músculos verticais e 2) a camada interna, com músculos horizontalmente circulares (circundando o bebê).
  Os músculos circulares da camada interna são encontrados na porção inferior do útero. Quanto mais perto do cérvix, mais grossos eles são. Então, para que o útero se abra e o bebê desça, esses músculos grossos da porção inferior precisam relaxar e afinar.
  Os músculos mais fortes da camada externa do útero são fibras verticais, mais concentradas no topo, subindo pela parte de trás do útero. Conforme esses músculos vão contraindo e elevando os músculos circulares no colo do útero, eles fazem com que o cérvix vá se tornando mais fino e vá se abrindo. Como em um movimento de onda, os longos músculos encurtam e se flexionam para ir empurrando o bebê pra baixo, através e para fora do útero.
  Quando a mulher está confortável e relaxada, esses dois conjuntos de músculos trabalham em harmonia, da forma como deveriam. Os músculos verticais empurram o bebê pra baixo e os músculos circulares relaxam e se abrem, dando espaço para que isso aconteça. A cérvix vai afinando e abrindo. O parto ocorre suave e facilmente.
  Comentário meu: a autora ensina técnicas de respiração que, segundo ela, se harmonizam com e facilitam o trabalho desses dois grupos musculares. Segundo ela, isso ajuda a diminuir a duração do trabalho de parto.

Medo: o Inimigo da Sala de Parto
  Para entender o efeito do medo, é preciso entender o funcionamento do Sistema Nervoso Autônomo, que cuida de músculos e impulsos fora do nosso controle consciente. Ele é composto por 2 subsistemas: 1)Sistema Simpático e 2)Sistema Parasimpático.
  O Sistema Simpático entra em ação quando estamos estressados, assustados ou com medo. Faz parte do nosso mecanismo de defesa e cria a resposta de "lutar, fugir ou travar". Quando esse sistema é ativado, as pupilas se dilatam, o coração bate mais forte e mais rápido e algumas atividades corporais, como a digestão, são suspensas. Artérias que vão para órgãos não essenciais são "fechadas". O corpo se prepara para lidar com emergências e perigo. Essas atividades colocam a pessoa em estado de alerta.
  Já o Sistema Parassimpático é o que está ativo em situações normais (o ideal seria entre 95 a 98% do tempo).
  Para entender a relação com o parto, é preciso lembrar que o Sistema Simpático responde não só a ameaças reais, mas a qualquer coisa que seja "percebida" como ameaça. (Comentário meu: tipo quando a gente assiste um filme de terror, toma um susto e o coração acelera). Então, se ao iniciar o trabalho de parto a gestante está com medo e estressada, o seu corpo já se coloca em modo de defesa e começam a ser liberados hormônios do stress, como as catecolaminas.
  No caso do parto, as opções fugir e lutar não se aplicam, então o corpo escolhe a terceira opção: congelar. Como o útero não faz parte do mecanismo de defesa do corpo, o sangue é desviado dele e direcionados para as partes do corpo envolvidas com a defesa. Ou seja, as artérias que levam ao útero ficam tensas e contraem, restringindo o fluxo de sangue e oxigênio. Enfermeiras e parteiras contam de terem visto, em mulheres que dão à luz com muito medo, que os úteros dela estavam esbranquiçados, igual uma pessoa assustada fica com o rosto pálido.
  Com oxigênio e sangue limitados, vitais para o funcionamento dos músculos do útero, as fibras circulares no colo do útero também ficam tensas e contraem, em vez de relaxar e abrir como deveriam. Os músculos verticais, por sua vez, continuam tentando forçar as fibras circulares pra cima, fazer com que elas se abram, mas os músculos inferiores resistem. O cérvix se mantém fechado.
  Quando esses dois conjuntos de músculos trabalham um contra o outro, isso causa uma dor considerável para a mãe em trabalho de parto. A situação também pode ter um efeito adverso no bebê. Os músculos superiores empurram pra baixo, forçando a cabeça do bebê contra os músculos circulares que estão fortemente fechados lá embaixo. Oxigênio limitado também significa que o suprimento de oxigênio para o bebê pode ficar comprometido. Se o trabalho de parto se estende muito, isso pode ser uma causa de preocupação.

Fim do capítulo.
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  Pra mim esse é o melhor capítulo do livro. Explica muita coisa! É um dos motivos pelos quais algumas mulheres passam horas, horas e mais horas em trabalho de parto, sem conseguir acabar de dilatar tudo o que precisam. Afinal, como a autora mostrou no capítulo anterior, os registros históricos bem de antigamente falam que os partos eram muito mais rápidos, geralmente menos de 3 horas.
  Também explicam por que algumas mulheres evoluem super bem enquanto estão em casa, mas é só chegar no hospital que travam, param de dilatar, algumas param até de ter contrações. O mais legal é que, pra alguma delas, é só voltar pra casa que o processo começa todo novamente. :-)

  Enfim, acho que eu devia ler esse capítulo todos os dias. Lembrar sempre que meus músculos sabem o que fazer, eu só preciso não ficar no caminho e não atrapalhar. Tentar o máximo possível relaxar, visualizar os músculos circulares suavemente se abrindo e dando passagem para o bebê. E respirar fundo e tranquilamente, auxiliando sempre a oxigenação.

3 comentários:

  1. No fim, tudo sempre acaba na mesma conclusão: o melhor mesmo é o parto domiciliar. Esse livro parece ser muito bom!

    Bjos

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    1. A não ser para melhores que têm muito medo de parto em casa e ficam mais tranquilas e calmas no hospital. :)
      Beijo!

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  2. oi.
    estou estudando hypnobirthing, querendo muito o livro.
    Ja tenho formação em hipnose e sou apaixonada por parto, vou fazer o curso de doula, entao tem tudo a ver comigo.
    Vc usou a tecnica? tem mais sobre o livro?
    Por favor, se ver esse comentário e tiver como me auxiliar, manda msg para hipnoseparto@gmail.com
    insta: @hipnoseparto
    pagina no face: hipnoseparto
    muito obrigada

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