quinta-feira, 27 de outubro de 2011

Adaptação na escolinha - dia 1

  O Nathan dormiu a noite inteira, mas acordou às 06:00, buááá. Tava tão escuro! E amanheceu um dia feio e frio. Tipo uns 5 graus. Checo o meu termômetro: 20 graus aqui dentro. Hora de aumentar o aquecedor. Aqui a gente não se veste de acordo com a temperatura, mas sim de acordo com o lugar aonde vamos (uau, que alegria, é tão raro ter uma chance de escrever corretamente aonde em vez de onde, hehehe).
  Er, voltando ao que interessa, se vamos ficar ao ar livre, aí sim precisa de muita roupa. Mas se vamos em algum playground  indoor, mercado, shopping, loja, etc, aí normalmente é só calça e camiseta pro Nathan. E pra mim um casaco leve, lógico, que eu continuo friorenta. :-)
  Bom, como eu não conhecia o teor do ar condicionado da escolinha, dei uma caprichada. Coloquei camiseta. Por cima uma camiseta de manga comprida. E por cima um casaco forradinho por dentro e impermeável por fora, porque a previsão era de chuva (presente da tia Taia!). Calça e bota.
  No caminho, dentro do carro, ele ficava falando "Pé! Pé!" querendo que eu tirasse a bota. Tirei, porque normalmente ele é bem calorento mesmo. Depois ele mesmo tirou as meias.
  Chegando na escolinha, não queria colocar as botas de jeito nenhum. Perguntei se queria colocar o tênis, então. Deu risadinha. Ok, tênis então. Logo que saímos do carro, pela grade ele viu as crianças brincando com umas bicicletinhas e já ficou todo animado.
  Quando estávamos entrando, a diretora nos viu pelo vidro e já veio toda sorridente abrir a porta falando: "Oi, Nathan! Oi Camilla! Que bom que vocês chegaram! Sejam bem vindos!". Uma animação que só. Bom, legal quando estão te esperando, te chamam pelo nome e tudo. Bom sinal. :-) Entramos e no hall ele reconheceu o lugar. É que na entrada tem um "tanque" com peixes e tartarugas. Ele foi pra lá correndo falando "Peixe! Tatu!".
  Aí a diretora nos levou até a salinha dele e nos apresentou pra professora dele, Laura. Engraçado como o meu cérebro funciona. Estou careca de saber a pronúncia desse nome. Mas quando fui apresentada, não liguei uma coisa a outra e fiquei pensando: "Como será que escreve isso? Lora?". Hehehe. Mas depois me toquei. :-)
  Quando chegamos ela estava arrumando as crianças pra ir brincar lá fora. Eu marquei no relógio. Foram 15 minutos para vestir 4 crianças. A outra professora vestiu outras 4 crianças. Todas com botas, gorro na cabeça e algumas colocaram uma 2a. calça. Fiquei me perguntando se o Nathan tava com pouca roupa... Aqui a proporção oficial pra idade dele é no máximo 1 professora para 5 crianças. E embora as crianças e professoras dividam todas a mesma sala, nessa escola eles gostam de deixar a mesma professora sempre responsável pelas mesmas 5 crianças. A vantagem é que assim favorece o vínculo. Imagino que facilite também a adaptação.
  Bom, enquanto todos se aprontavam o Nathan ficou brincando na salinha com os brinquedos, feliz e contente. Na hora de sair, ele reclamou de ter que deixar os brinquedos e fez um mini escândalo. Mas chegando lá fora viu as bicicleta, carrinhos e já foi todo feliz brincar. Enquanto isso fiquei conversando com a professora.
  Lá pelas tantas, ele deu uma choradinha e me chamou. Cheguei perto e vi que ele tinha sujado as mãos. O nariz também tava escorrendo, mas ele deixou a professora limpar. Ok, ele não a odeia. Já é um começo. :-) Tem pessoas (bem poucas, é verdade) que ele antipatiza à 1a. vista.
  Voltamos à conversa e o Nathan voltou a brincar. Lá pelas tantas ouço ele chorando e vejo que ele e outro menino estão disputando um carrinho. Não sei quem tava brincando primeiro, mas 1 outra professora vai lá, convence o outro menino a brincar com outra coisa e o Nathan vai pro carrinho. Ok, tudo continua bem, até que daqui a pouco ele está fora do carrinho chorando de novo e outro menino dentro. Vou lá, o menino sai, mas aí o Nathan já tá bravo e não quer entrar. Mas também não quer que outras crianças brinquem. Enfim, entra num modo-choro e não sai mais. A partir daí tudo tá ruim, tudo tá chato. Mostro outros brinquedos, pego no colo, tento colocá-lo dentro do carrinho de novo, mas agora tá tudo ruim. Rostinho dele gelado, mão bem gelada. Fico pensando que talvez ele esteja com frio e por isso mais mal humorado. Pergunto se ele quer entrar e ele fala que sim, na hora.
  Voltamos pra sala e ele fica feliz brincando sozinho. Uns 10-15 minutos depois as outras crianças voltam. A professora serve pêra pras crianças, ele vai lá pedir também. Na 1a. vez que ela tenta entregar um pedaço pra ele, ele tampa o rosto com as mãozinhas e fala Não! Acho que estranhou que outra pessoa tá dando comida pra ele. Mas logo logo ele já tá lá do lado dela, pedindo um pedaço atrás do outro. Aí de repente ela muda pra banana. Primeiro ele ficou animado, mas aí ela começou a fatiar a banana e ele começou a chorar, hehehe. Está acostumado a ganhar uma banana inteira só pra ele. Ela tentou oferecer fatias, mas ele só batia as duas mãos no rosto e falava "Não". Aí a professora pega uma banana nova, descasca até a metade. Ele fica todo feliz e começa a comer. Mas depois de algumas mordidas, vê uma pêra inteira em cima do balcão e começa a pedir pêra. Não sei se elas sempre mimam as crianças assim ou é só porque ele é novo, mas aí a professora cortou uma nova pêra e ele voltou a comer.
  Pancinha cheia, ele volta a brincar, todo feliz. Pergunto se quer ir embora: "Não!". Falo pra ele que vou sair um pouquinho e já volto. Quando eu o levo no programa mãe-criança no Early Years Centre, às vezes aviso que vou no banheiro e ele nem liga, fica lá brincando. Outras vezes ele gruda e vem junto comigo. De qualquer forma, eu sei que ele entende o que eu falo. Logo, como falei que ia sair e ele nem ligou, só avisei a professora e fui até a secretaria, pra acertar o pagamento e entregar a carteirinha de vacinação.
  Quando volto, já ouço um choro de longe... Entro na sala e tá o Nathan no colo da professora, chorando. Logo que me vê dá uma risadinha, todo feliz. Mas quando vem pro meu colo continua a chorar, soluçar, aquele choro de quem tá recuperando o fôlego. Não é choro de manha, é choro de desesperado. A professora disse que é um bom sinal que ele deixou numa boa que ela o pegasse no colo, pra consolar. É, acho que sim. Mas não gostei nadinha do choro dele... :-(
  Enfim, fomos embora, ele deu tchau pras tartarugas, quer dizer, bye bye pras tartarugas, bye bye pros peixes e fomos. Dormiu no carro voltando pra casa.
  Chegando em casa, eu o coloquei na cama e... chorei!! É, chorei, nem sei por quê. Culpa, consciência pesada, dó, tristeza... Fiquei lembrando dele chorando e pensando se isso vai acontecer muitas vezes. Ele vai pra escolinha só 1/2 período. Quer dizer, o 1/2 período aqui é diferente. São 2 dias inteiros por semana + 1 dia inteiro em semanas alteradas. Tipo toda 3a. e 5a., e uma 6a.feira sim, outra não. A escolinha está disponível das 07:00 às 18:00. Mas o horário, claro, os pais decidem.
  Ah, a professora me disse que os alunos de 1/2 período demoram mais pra se adaptar, normalmente uns 2 meses. Aí eu pensei: DOIS MESES??????? A sugestão deles é chegar, dar um beijinho rápido, não enrolar, avisar que vai voltar mais tarde e tchau tchau. É, sei lá, talvez daqui um tempo eu até consiga fazer isso e ir embora mesmo que ele esteja chorando. Mas não, nunquinha que já vou conseguir fazer isso semana que vem. Se ele chorar daqui 2 meses, é apenas porque prefere ficar comigo do que com qualquer outra pessoa. Mas se ele faz isso amanhã, ou semana que vem, é muito provável que seja porque ainda tá inseguro. Não conhece direito as professoras, não confia nelas. Não sabe se eu vou voltar mesmo. Fora que seja agora ou daqui 1 ano ele ainda não vai entender por que ele tem que ficar lá e não pode ficar comigo o dia todo, todos os dias. Nem eu entendo!! Por que, hein?
  Ai, que dureza. Não tava nem com fome pra almoçar, acreditam? Que mãe mais dramática!!

  Agora, relendo o que escrevi, na verdade acho que não foi tão ruim assim e eu que estou sofrendo muito por antecedência. Afinal, ele deixou a professora limpar o nariz, deixou pegar no colo, comeu frutas... Antes da hora da rodinha de música, as professoras cantam a musiquinha de "cleanup". Ele já conhecia a musiquinha do early years centre e também o protocolo. Então quando cantaram a musiquinha ajudou a recolher os brinquedos e guardar. Aí foi sentar lá junto com as crianças para cantar. Mas a música não agradou e ele começou a ir engatinhando em direção à porta. Foi, foi, foi, até sair. Ah, é que também no early years centre, sempre fazem a rodinha de música pra encerrar o programa, antes de ir embora. Como ele já tava com soninho, acho que resolveu pular a roda de música e ir embora direto. :-)
 
  Bom, não estou mais totalmente deprimida, mas não estou animada, não... Será que amanhã vai ser melhor? Vamos ver...

5 comentários:

  1. Achei bem maluco esse sistema de meio período daí... certamente fica mais difícil para a criança se adaptar, porque não estabelece a rotina, né... na escolinha das meninas, segunda-feira era sempre dia de chororô. Por outro lado, achei a escolinha sensacional com o ratio de 5 alunos por professor e grupinhos pré-designados. Também já vi fotos das escolas aí e a estrutura é muito bacana. Enfim... acho que a culpa sempre vai rolar, mas também acho que a gente tem que confiar nas decisões que tomou. Antes de eu colocar a Glorinha na escolinha, com 1 ano e 9 meses, eu passava na frente todo dia, no caminho para o trabalho e ficava com aperto no coração de ver todas as crianças se divertindo juntas. Quando eu a coloquei, pensava nela lá sozinha, longe do mundinho dela e das brincadeiras com a Santina, a melhor babá-empregada do universo. No final das contas, ela se adaptou super bem (usando a técnica do tchauzinho breve) e a partir do terceiro dia não chorou mais no portão. Acho que ser mãe é sentir-se divida. Pensa na sua: com uma filha em cada continente, a mais de 10 horas de vôo de distância. Mas ela sabe que vocês estão bem.

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  2. Poxa, foi tão simples a adaptação dele na escolinha daqui, que nem pensei que ele ia estranhar tanto, mas vejamos: ele era menor, não tinha ou não percebia que estava tão grudado em vc, e todos falavam o mesmo idioma... de repente, está em um lugar diferente, pessoas diferentes, mas não achei tão trágico assim, e lembra que vc também chorou quando o deixou lá pela primeira vez? E isso que eu fiquei com ele!!
    Calma, vai da tudo certo !
    Conte como foi a quinta e sexta feira.
    bjs.

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  3. Nossa Alessandra, com 3 dias já não chorava mais no portão? Isso foi rapidíssimo!!

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  4. Eu confesso que fiquei 50% feliz e 50% frustrada. Feliz porque ela não estava mais chorando e frustrada porque ela estava mais forte que eu! Mas ela sempre amou a escolinha, alguns dias de manhã eu falava "vamos trocar de roupa" só para tirar o pijaminha e descermos para brincar um pouco e ella achava que já era para colocar o uniforme... Mas tem um "atenuante", ela sempre foi para a escolinha somente de tarde. Acho que o baque é menor. Depois de um tempo acho que tanto eu quanto ela entendemos que ela não estava perdendo tanto, mas sim ganhando novas vivências.

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  5. Ai Camilla, é bem assim né, dá uma culpa, uma dó, mas é necessário, agora eu sei que é...mas na hora, a gente se pergunta pq tá fazendo isso...vai demorar um pouco pra vcs dois se adaptarem, acredito que os dois precisam disso...eu só realmente me liberei qdo senti que a Betina ia ser cuidada como queria, e isso demora tempo pra se convencer de que ela está bem, bem cuidada, com vínculo com as profes...leva tempo pros dois, é um cordão se rompendo...dói fisicamente tb...te entendo...imagina o desmame! Ai...dói demais vê-los crescendo e criando asas...mas faz parte!

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