segunda-feira, 19 de dezembro de 2011

A palmada, o tapinha e os pais descontrolados

  Essa semana, umas 3 ou 4 pessoas compartilharam no facebook uma foto de uma criança apanhando do pai e falando algo do tipo "Obrigada pai, por me dar limite" ou então "melhor infringir a lei da palmada do que ter um filho que fere o código penal inteiro".
  Tô aqui espumando de raiva. Preciso desabafar! Logo que vi isso pela primeira vez, achei que era só brincadeira. Mas depois vi que tem pessoas que realmente defendem e acreditam que PRECISAM bater nos filhos para educar e dar limite. Gente do céu, como pode? Hello gente, estamos em 2011, o mundo evoluiu. Sério que vocês vão querer ficar pra trás? Acordem!
 
  A tal foto que fala do código penal é o argumento mais ridículo que alguém poderia apresentar. Vai lá na cadeia e pergunta pros presos quantos deles apanharam dos pais. Quero ver se escapa um!! Eu achei que todos já estivessem carecas de saber que a violência doméstica é ainda maior nas classes mais baixas, de ondem normalmente saem os criminosos. A criminalidade tem muitas causas, a maioria históricas, fruto da desigualdade social. A palmadinha, tapinha ou tapão não têm nada a ver com a história. Parem de falar besteira, ok?

  Mas tudo bem, vamos falar da outra foto, que fala sobre limites. Claro, óbvio ululante que criança precisa de limite e ouvir vários "não" na vida. Tem pai que deixa o filho fazer tudo, compra tudo o que ele quer e o resultado são uns mimados mal criados e, em alguns casos, drogados e, é verdade, até criminosos. Mas quem foi o mentecapto que disse que a única forma de dar limite pra uma criança é com tapa, hein? Hein? Se eu pego esse cara, vou azucriná-lo pro resto dos meus dias!! Fica falando besteira por aí, daí as mentes fracas acreditam.

  Eu frequento uma lista de emails de mães. Lá de vez em quando aparece uma mãe com remorso, dizendo que nunca bate no filho mas, um belo dia, aconteceu sei lá o que, ela se descontrolou e bateu. A história é sempre parecida. A mãe ou o pai nunca batem porque pararam pra pensar e decidiram: "Ah, nesta situação a punição ideal é a chinelada". Claro que não! Batem porque estão com raiva, porque perderam a paciência. Então não me venham com nhénhénhém dizendo que acham que bater é importante pra dar limite. Bom, mas pelo menos essas reconheceram o erro.

  Raiva eu também já tive. Vou mostrar:
  Estão vendo essa tv de plasma 42 polegadas super bonitinha, comprada novinha em abril/2011? Então agora olhem mais perto.

  Essa é uma foto mais perto dessa mesma tv, quebrada em julho/2011 pelo Nathan, que jogou uma bolinha nela. Era uma bolinha bem dura...
  Então acreditem, quando eu vi que a tv parou de funcionar por causa dessa bolinha, eu realmente fiquei com raiva. Mas ele tinha 18 meses. Bater só ia servir pra descontar minha raiva, ele não ia aprender nada e com certeza nem entenderia por que estava apanhando. Ia ficar é confuso, sem entender por que aquela pessoa que mais o protege o estava machucando. Realmente não entendo como alguém pode bater em uma criança tão pequena. Mas sei que existem pessoas que batem até em bebês!! Ai, que covardia!

  Mas ok, voltemos às "crianças maiorzinhas". Eu desafiei no facebook e desafio aqui de novo. Quer ver alguém me dar um exemplo (só UM) de uma situação em que é "necessário" usar uma punição física. Não vão achar. Não existe!! Sempre tem alternativas.  Tem deixar de castigo, colocar pra pensar, cortar a sobremesa, cortar a televisão, cortar o videogame, cortar um passeio que já estava programado... Tem jeitos melhores e piores e alguns eu nem concordo muito, mas qualquer um é melhor do que bater. Alguns têm efeito demorado, alguns só fazem efeito na próxima birra, mas... pelo menos você não apelou.
  Alguém escreveu no facebook este exemplo: "criança berrando, se jogando no chão, xingando e/ou batendo nos pais, enfim uma birra daquelas....". Bléeééé, esse é moleza. Não fosse a parte do "batendo", eu diria apenas pra ignorar ou sair de perto. Eu faço isso quando o Nathan dá xilique e sempre funciona. Em casa às vezes demora até 15 minutos, mas sempre passa. Com o tempo a birra diminui de duração, porque ele percebe que não faz efeito. Fora de casa, é só sair andando que ele vem correndo atrás. Felizmente por aqui essas birras são bem raras. E se a criança tá batendo em você, saia de perto. Se ela vier atrás, segure os braços dela, feche no quarto, feche no banheiro.

  E continuando, um dia a criança e vira adolescente. Essa é, na minha opinião, a fase em que os limites são mais necessários do que nunca. Afinal, é nessa fase que vêm as grandes preocupações, como cigarro, álcool, drogas, gravidez indesejada, preparação pro vestibular, etc. Em adolescente você não vai dar tapinha, vai? Nem palmada. Vai ter que aprender a dar limite de outro jeito, não vai? Então é só começar a praticar mais cedo, simples!
  E aqui eu faço um parênteses para lembrar a minha mãe que a profecia dela já se cumpriu faz tempo. Sabe aquela profecia que mãe sempre faz? "Um dia você vai entender. Um dia você vai me dar razão". Hehehe. :-) É verdade, hoje eu entendo as preocupações e os limites. E lembrando da minha mente adolescente, acho que ela tinha razão, porque eu teria dado sim, muita cabeçada por aí se não fossem por eles. E vejam só, foi uma adolescência livre de chineladas!! E eu não virei marginal, hehehe.

  Comentei sobre esse assunto com o Alessandro há pouco e ele me falou que também deu sermão em alguém no facebook. Hehehe, que legal! Nem eu sabia, nem ele sabia que eu também tava discutindo esse assunto. É bom saber que a gente pensa igual. Dá aquela sensação de: ufa, escolhi a pessoa certa pra ser pai dos meus filhos. :-)

  O que mais me entristece é que mesmo ótimas pessoas, boas mães (no geral) pensem assim. Eu também sou humana, também tenho defeitos e não sei se ganharia o concurso de melhor mãe do mundo. E sendo imperfeita, embora hoje me pareça extremamente improvável, talvez um dia eu também perca a paciência e dê um tapa. Mas se isso acontecer, podem ter a certeza que não vou ficar arrumando desculpas pra tentar me justificar. Vou assumir que errei, que me descontrolei e me esforçar pra que não aconteça mais.

  E se você, que está lendo agora, é uma dessas mães que (ainda) bate nos filhos, não se sinta ofendida pensando que eu acho você uma péssima mãe, unicamente por causa desse quesito. Talvez você seja, talvez não. Sei lá, não te conheço. :-P Nem tô dizendo que sou uma mãe melhor que você. Até porque não conheço nenhuma régua que consiga medir isso. Mas nesse ponto em específico, sinto muito, não é uma opinião, é um fato: você está errada.

7 comentários:

  1. Ai Camilla sabe o q eu pensei qdo li esse post! UFA, EU E MEU MARIDO NÃO ESTAMOS SOZINHOS NESSA! pq, sinceramente, me sinto uma anormal pensando assim...penso EXATAMENTE, sem tirar nem por assim...sou extremamente contra a palmada, em QUALQUER nível...primeiro porque não sou a favor de qquer violência, não seria na pessoa q mais amo no mundo...segundo pq sei q não adianta pra nada, segundo pq é uma total falta de controle, terceiro não entendo pq nós q ficamos muito mal em dar uma vacina, uma injeção, em ver um filho sentir dor, chorar, bateria num filho..é insano né!

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  2. Mas amiga, qdo eu fico discursando, pra todos meus conhecidos, vejo q estamos longe dessa consciência ser em massa...Bater num cachorro dá uma repercursão, mas bater em filho é normal, é pra educar, fico puta da cara! Não pelo cachorro, acho q nenhum tipo de violência nem pra formiga...é difícil pra mim até explicar pra BÊ pq estou colocando veneno pra matar mosquito, pq sempre ensino sobre como cuidar dos animais e plantinhas, sou contra qquer tipo de violência. Essa cultura de bater nos filhos vem muito enraizada, e demorará muito ainda pra ser diluída... é difícil...com a polêmica do cachorrinho, lá em casa, fizemos uma "mesa redonda" e vi que parece q sou a radical da história! Palmada não dói Aline, é só tirar o pó! Nunca espanquei vcs...Ah, quero ver qdo a Betina ficar maior e mais desaforada...confesso sim q às vezes dá um desespero...ela tá cada dia mais levada, mas me sentiria infinitamente pior se eu usasse esse tipo de artifício...Jesus, na idade da Betina já dá pra ela entender, q não vai passear, q não vai comer uma goluseima, q não gostei daquilo...qdo lembro das palmadas da minha mãe, lembro q um certo dia, eu pedi pra apanhar pq era melhor do que ela me deixar de castigo...aí nunca mais apanhei, ela percebeu q o castigo era pior pra mim...era pra ter percebido bem antes né....

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  3. Piti rola aqui em casa, mas temos q ter paciência e ensinar...é pra isso q servimos, senão, não era pra ter sido mãe e pai né! Esses dias fiquei chocada com o q escutei de um pai de uma amiguuinha da Be, ele disse: não gosto de bater na fulana...mas as vezes ela anda passando do limite...gente, 2 anos e meio...pobrezinha! Meu marido fica com os olhos cheios d'água qdo temos q dar uma injeção na Betina, imagina em vê-la sofrer qquer tipo de violência...e não venha com a história q é só tirar o pó...quem mede o nível de dor? Começa com o pó, depois vem tapa, tapão, soco...o q não dói pra um, pra outro é espancar....por isso sou a favor do PALMADA ZERO...que nem ÁLCOOL ZERO... não tem q ficar medindo pra um e pra outro o nível no sangue, se beber não dirija, pra mim é fácil...bom, pelo tamanho do comentário, dá pra ver o qto sou indignada com isso né....compartilho minha indignação contigo amiga, pq me sinto mais compreendida...bjocas mil

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  4. Eu acho que esse negócio de sair dando porrada no filho funciona assim, vc bate e 'educa' pelo medo e não pelo respeito. Adianta alguma coisa? eu me lembro qdo das vezes que tomei umas palmadas dos meus pais... a raaaaiva que eu sentia, a humilhação. É algo triste, muito triste. Mas confesso, já dei uns tapas nas mãos do nino e da Lara em situação, p/ mim, extremas. Ex. ventilador ligado no chão... mil vezes eu lá explicando que colocar um brinquedo/dedo ali iria fazer dodói. A criança lá testando meus limites, eu vou lá, tiro do lugar, explico mais 500 vezes... a criança vai e tenta enfiar o brinquedo. Levou tapa não mão. Não acho o jeito mais bonito e não acho que isso deve ser algo a ser repetido, mas foi uma situação em que eu achei que deveria agir assim - não foi tapa de raiva, de descontrole, foi a forma como eu achei que serviria p/ protege-los. Funcionou. Se for correto, não sei. Mas não fiquei com peso na consciência por isso - eu realmente acredito que aquilo, naquele momento, foi necessário. Mas enfim... casos e casos. Bjs,

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  5. Concordo total, Camilla.
    Ah, sabe, eu sinto preguiça e vergonha alheia dessas pessoas que defendem a palmada e que alegam que apanharam e são boas pessoas etc e tal! Putz, tem que ser muito burro e ignorante MESMO pra pensar algo do estilo! Realmente, é o que vc disse: vá até a cadeia e pergunte quantos apanharam! Certeza que 100% responderá que apanhava dos pais. Fala sério... Ô argumento ruim esse...

    Beijos, querida!

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  6. Oi Kel. Mesmo nessa situação do ventilador, você apenas escolheu o caminho mais fácil. Se fosse eu, teria tirado a criança de lá, mesmo que tivesse que repetir o ato 500vezes. Talvez a segurasse no sofá por 30 segundos e avisasse: "Se for lá de novo, vou te segurar no sofá". Aí ela vai (lógico, hehehe) e eu seguro por 1 minuto. Uma hora ela para.
    Eu sei que funciona porque um dia fiz isso com o Nathan, que insistia em ficar subindo no móvel da tv. Eu o segurava no sofá, enquanto ele se esgoelava e tentava fugir. Depois da 3a. vez, não tentou mais subir no móvel.
    E ainda voltando pro ventilador, se mesmo assim eu achasse que ainda tinha perigo, eu mudaria o ventilador pra um lugar onde eles não alcançassem, ou desligaria.
    Sempre tem uma opção que não envolve dar tapas. Nunca é necessário. Mas realmente, concordo que no seu caso não foi raiva nem descontrole. Só a escolha do caminho mais rápido.

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  7. Adorei seu post, Camilla! Concordo com tudo que você disse! Eu mesma nunca apanhei dos meus pais e nem passa pela minha cabeça ter que usar desse recurso para "educar" meus filhos. :-)
    Beijos!

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