sexta-feira, 13 de maio de 2011

No meio do caminho tinha uma porta

  Era um típico dia de Primavera em Burlington, Ontario. Um pouco de sol, muitas nuvens, temperatura máxima 20 graus. Começamos o dia como qualquer outro. Acordei na cama do Nathan, com ele me dando cabeçadas, me escalando e rindo. Tomamos café, o Alessandro foi trabalhar e eu fui colocar uns quadrinhos na parede do quarto do Nathan. Enquanto isso ele ficou brincando perto de mim.
  Fui pro escritório buscar alguma coisa e ele foi atrás. Mas no caminho ele viu o banheiro, correu pra dentro e fechou a porta. Ele adora essa brincadeira. Ele encosta a porta, eu fico falando "Cadê o Nathan?", aí ele abre a porta, eu falo "Achei!" e ele moooorre de dar risada. Mas às vezes ele empurra a porta com muita força e ela fecha. Aí ele não consegue abrir e, claro, chora ou grita. Quando eu percebo que a porta fechou, abro correndo, por medo que ele se tranque lá dentro. O que não é um medo infundado, pois hoje foi justamente isso o que aconteceu.
  Eu fui rápida, como sempre. Eu acho que o problema hoje foi a fechadura. Sabe aquelas fechaduras que não tem chave, mas sim um trequinho que vai pra esquerda/direita? Aqueles que você dá uma apertadinha e uma rodadinha? Bom, é um desses. O que eu imagino que aconteceu é que o trequinho foi rodado quando a porta estava aberta. Aí o Nathan empurrou a porta e, pronto! Travou.
  Claro que o Nathan começou a chorar. Eu mexi na fechadura, nada. O choro continuava. Girei, girei, forcei, nada. O choro aumentando. Liguei pro Alessandro, que disse que em 15 minutos chegaria em casa. Ok, mas isso não fez o Nathan se sentir melhor. Liguei pro meu síndico/zelador, caiu na secretária eletrônica. Deixei recado, vai que ele chega logo em seguida? E o choro no mesmo embalo. Comecei a dar trombadas na porta, nada. Chutei. Nada. E os choros continuam firmes e fortes. Eu falava com o Nathan o tempo todo, colocava meus dedos por baixo da porta, pra ele ver que eu estava perto, mas não parecia fazer diferença. Examinei a fechadura. Tinha um furo pequenininho, mas eu não tinha nada que coubesse ali dentro. Não tinha nenhum parafuso, nada que eu conseguisse tirar assim facilmente. Choro, choro, choro e mais choro.
  Nisso ouvi um tónhonhóim. A porta do banheiro tem, bem embaixo, uma molinha que impede que ela bata na parede. Na ponta da mola tem uma borrachinha, que o Nathan já arrancou algumas vezes pra brincar. E todo mundo sabe qual é o 1o. lugar que criancinhas dessa idade colocam tudo, né? Pois é. Aí comecei a ficar muito preocupada, achando que ele poderia colocar a borrachinha na boca e engasgar, ou subir na privada e cair, ou bater a cabeça, ou... sei lá! Liguei pro Alessandro de novo, não atendeu...
  O choro tava alto, ardido, sofrido, doído. Peguei um martelo. E aqui está o resultado:
  Yep, é isso mesmo, quebrei a porta. Perda total, mas abraçar o seu filho novamente... não tem preço!
   O Alessandro ficou bravo, porque estava a apenas 5 minutos dali e acha que poderia ter feito um serviço melhor. Bom, jamais saberemos. O banheiro não tem janelas, as dobradiças ficam do lado de dentro. Só tirando toda a fechadura. Agora que eu estou aqui calminha e o Nathan tá dormindo feliz no seu quartinho, eu também acho que poderia ter esperado e nada teria acontecido. Afinal, uma criança se esgoelando nessa situação normalmente continua se esgoelando, não faz pausas para brincar.

  Ah, uma coisa interessante! O meu síndico-zelador veio aqui depois, quando não adiantava mais, obviamente. Aí ele quis ver o estrago.
- Como isso aconteceu?
- Meu filho se trancou aí dentro, então eu quebrei a porta.
- Mas por que você fez isso, você não tem outro banheiro?
- ... (essa sou eu sem palavras).
  Oi?? Ele achou mesmo que eu queria apenas USAR o banheiro? Já pensou? "Alessandro, estou apertada pra ir no banheiro! Sai daí logo senão vou quebrar a porta!!"


  E você, meu caro leitor, já passou por isso? Resolveu a situação de uma forma mais elegante ou à la Chuck Norris, como eu? :-)

6 comentários:

  1. Precisei fazer um workaround similar uma vez também :(.

    Antes porta quebrada de que coisas piores, porta é só arrumar. Ou fazer um patch :)

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  2. É, acho que toda mãe já passou por isso no mínimo uma vez na vida !
    Depois que passei por isso pela primeira vez, tinha sempre uma cópia comigo em lugar ultra hiper secreto !!
    Mas faria a mesma coisa que vc fez, não dá para esperar e ouvir toda angustia e sofrimento de um filho trancado!!
    bjs.

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  3. Ai Camilla..imagino a tua angústia! Pq temos q acalmá-los e ao mesmo tempo eles notam q estamos nervosas...tadiiinho....imagino o abraço q ele te deu...eu faria isso tb...agora aqui no BR, as portas são bem mais resistentes....assim como paredes...ia ser bem mais difícil! Bjoca

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  4. Pois é mãe, aqui não tem como usar a ideia da chave, porque não é fechadura com chave. E eu tô até agora procurando um ferrinho que sirva naquele buraquinho, já que diz a lenda que assim dá pra abrir pelo lado de fora.

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  5. Ai, que horror! Eu imagino o seu desespero! Deve ter sido bem maior que o do Nathan.. Meu advice pra você é um "parador de porta". Sei lá como se chama isso em português (acho que também é door stopper em inglês, não?). Coloque sempre na porta do banheiro (ou qualuqer outra porta que tenha fechadura e da qual você não possa fazer chave reserva). Também é útil para eles não prenderem os dedos quando começam a bater portas!
    Nós ainda não passamos por isso, toc, toc, toc....

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  6. Oi Taia. Não sei o nome exatamente, mas sei o que são esses paradores de porta. Eu tinha desses no Brasil. Mas agora o problema já está resolvido. O Victor me arrumou uma ferramentazinha que abre a porta por fora e já me deu um curso de como usá-la, hehehe. Como nenhum quarto tem tranca, só os banheiros, agora tá tudo certo.
    Beijo!

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