sexta-feira, 2 de março de 2012

O lado bom e o lado ruim dos ultrassons

  Quando eu estava grávida do Nathan, frequentei um grupo de gestantes que era bem focado em parto natural e parto humanizado. Esse tipo de grupo atrai principalmente 2 tipos de gestantes:
1. Gestantes bem informadas que sabem que o parto normal tem menos riscos
2. Hippies
  Ok, sei que estou generalizando aqui quando as chamo de hippies, mas... ah, tem horas que generalizar é muito mais fácil e mais legal. :-)

  Bom, eu obviamente pertenço ao primeiro grupo. Já no grupo que chamei de hippies tinha de tudo. A maioria queria parto em casa. Várias plantavam a placenta. Algumas comiam a placenta (eca!). E algumas passavam a gestação inteira sem fazer um único ultrassom!
  Essa política do ultrassom elas explicavam dizendo que ele mais gera ansiedade do que tranquilidade. Outras diziam que seguiam a intuição. Bom, agora pelo menos entendo um pouco melhor isso de dizer que os ultrassons podem gerar ansiedade desnecessária. Na minha 1a. gestação eu sempre ficava encanada com a possibilidade de perder o bebê (coisa de quem teve dificuldade pra engravidar). Então nos primeiros meses os ultrassons foram importantíssimos pra me deixar tranquila. Eu via que tava tudo bem, que o bebê era normal e ia ficando cada vez menos ansiosa. Sem eles, teria sido uma gestação bem mais difícil.

  Mas desta vez aconteceu o contrário. Quando fiz o ultrassom morfológico, com umas 18semanas, encontraram 2 coisas:
1. Dois Choroid plexus cysts.
2. Arritmia ocasional
  Acho que já comentei que aqui os resultados dos seus exames e ultrassons vão direto pra parteira/médico, né? Pois é, eu fiz o ultrassom, achava que tava tudo bem e, dias depois, a parteira me liga pra contar desses achados.
  Esses cistos que mencionei ficam numa parte do cérebro e não fazem mal nenhum. Acabam sumindo após algumas semanas e os bebês nascem e se desenvolvem normalmente. Eles são vistos em ultrassons o tempo todo. Mas... (claro que tem um mais), algum tempo atrás um pesquisador qualquer concluiu que eles são vistos com um pouco mais de frequência (tipo 1% a mais) em bebês com trissomia 18 - uma doença genética gravíssima que acontece quando o bebê tem 2 cópias do cromossomo 18. É a chamada Síndrome de Edward.
  Por outro lado, bebês com trissomia 18 têm um moooonte de problemas. Esse tipo de bebês são facilmente identificáveis por ultrassom, porque tem má formação nos pés, nas mãos, fígado, coração, rosto às vezes faltam órgãos... Caí na besteira de ver fotos no google images e são imagens chocantes. Bebês todos deformados.
  Assim, nada realmente indicava que meu bebê tivesse essa trissomia. Ele era todo bonitinho e fofinho. Quer dizer, quase nada, porque tinha essa arritmia. Então a parteira falou pra mim que muito muuuuito provavelmente meu bebê era super normal, mas... por causa da arritmia, se eu quisesse, ela me passaria um novo ultrassom, com um especialista. Claro que eu quis.

  Então, com 20 semanas, fui num hospital especializado em crianças, em Hamilton (cidade vizinha). Lá fizeram um ultrassom que durou uma eternidade. Acho que fiquei quase 1hora deitada lá. Mediram tudo que podia ser medido e analisaram tudo que dava pra ser analisado. Entre outras coisas, mediram fêmur, mediram tórax, mediram osso nasal, mediram a translucência nucal de novo, analisaram cérebro, analisaram coração e ficaram um tempão monitorando batimentos cardíacos.
  Depois do ultrassom, tive consulta lá mesmo com um médico especialista em trissomias em geral. Resultados:
1. Os cistos no cérebro já tinham desaparecido
2. Não encontraram nada de anormal, nenhuma má formação
3. Realmente tinha uma arritmia, mas a médica disse que é do tipo que normalmente some até o fim da gestação. A cada 10 batidas, mais ou menos, o coração pulava em uma.
4. Tinha um pouco de fluido numa parte do coração. Mas a médica também disse que eles veem isso o tempo todo e normalmente some durante a gestação, conforme o feto vai se desenvolvendo.

  Aqui no Canadá o aborto é permitido. Portanto, em caso de suspeita de trissomia eles dão a opção de você fazer a amniocentese, pra ter certeza se o bebê realmente tem alguma síndrome. Algumas gestantes até fazem a amnio só pra ficar sabendo com antecedência e se preparar. Mas o exame tem risco de causar aborto, então na maioria dos casos só faz quem pensa em abortar se o bebê não for normalzinho.
  Como eu não abortaria em caso nenhum, não queria mesmo fazer a amnio. Ainda bem, porque a médica disse que o resultado do meu ultrassom foi ótimo e que eu teria que implorar muuuuito pra ela me deixar fazer uma amnio. Disse que é praticamente impossível um bebê com trissomia 18 apresentar todos os órgãos normais. Mas também disse que, tirando o problema genético de lado, ela recomendaria um novo ultrassom dali 2 semanas, pra acompanhar a arritmia.

  E assim, esta semana, com 23 semanas de gravidez, voltei no hospital pra mais um ultrassom. Dessa vez, tudo absolutamente normal. Nada de cistos em lugar nenhum, nada de fluido no coração e nada de arritmia. Ora ora ora. Foi uma mulher diferente que fez o ultrassom desta vez e ela me perguntou por que eu tinha sido encaminhada para lá (já que no hospital eles só atendem casos especiais, tipo problemas genéticos, suspeita de problemas genéticos ou má formação). Eu falei que tinham achado os cistos e a arritmia. E ela: "Sim, eu vi que acharam isso, mas por que te encaminharam pra cá?". Como quem diz: ãh, mas só por causa disso??? E a minha resposta foi bem essa, que encaminharam só por causa disso. E ela: "Ah, é? Ah, ok então".
  Depois desse ultrassom, também tinha consulta. Mas o médico não ficou nem 2 minutos na sala comigo. Perguntou se eu tinha alguma dúvida, claro, mas disse que tava tudo absolutamente normal, então... realmente não tinha o que se falar.


  Chegando em casa, fui no meu arquivo excel da gravidez do Nathan e vi que naquela época fiz o ultrassom da translucência nucal com 13 semanas e depois só fiz o morfológico com 22semanas e 6dias. Moral da história: se desta vez eu tivesse feito o morfológico também com 22semanas, já estaria tudo normal e eu nem teria ficado sabendo que algum dia teve fluido ou cisto em algum lugar.
  E só então dei um pouquinho de razão pras hippies que não fazem ultrassom. Porque por mais que a parteira e os médicos falassem que não precisava me preocupar, que provavelmente não era nada e tal, lógico que me preocupei. Logo que ficamos sabendo do resultado do 1o. morfológico, ficamos eu e o Alessandro gastando horas pesquisando sobre defeitos genéticos e sobre os tais choroid plexus cysts, dos quais até então eu nunca tinha ouvido falar. E pelo jeito, toda essa preocupação foi à toa. Humpf.

  O que a médica especialista me disse (naquele ultrassom com 20 semanas) é que toda semana ela atende no mínimo 3 gestantes cujos bebês têm esses cistos. Disse que é super normal e que provavelmente hoje eles são vistos com mais frequência porque os equipamentos são melhores. E como os bebês cuja única coisa de diferente são esses cistos acabam nascendo sem problema nenhum, eles volta e meia repensam essa política e pensam que deveriam simplesmente ignorar esse achado. Mas... por precaução, continuam avaliando, até que surja um novo estudo, melhor do que aquele. É, aparentemente foi tudo apenas uma grande perda de tempo.

  Bom, eu tô feliz de deixar esse assunto de lado e feliz que agora parece estar tudo bem com bebê. Mas... pelo sim, pelo não, vou querer uma boa avaliação do coraçãozinho dele depois que nascer. Just in case, né? Afinal, eu não sou do grupo das hippies. E devo ter nascido sem intuição. :-P

11 comentários:

  1. Oi Camilla! Olha, eu adoraria fazer parte do grupo das hippies 100% sabe, acho que elas são muito mais felizes! rs! Mas eu me considero um meio termo, porque eu também quero levar uma gravidez bem natural, parto em casa e com o mínimo de US possível, mas não tenho coragem de não fazer nenhum... Infelizmente também não confio totalmente na minha intuição e também ficaria mais tranquila fazendo os exames. O foda é que aqui no Brasil rola um terrorismo em cima dessas coisas né? Você tem sorte demaaaais de estar no Canadá!

    Enfim, que bom que está tudo bem com o seu baby!
    Vocês já sabem o sexo? Vou dar uma olhada nos outros posts pra ver se você falou algo e eu não vi, rsss... Curiosa eu!

    Bjos

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  2. Oi Maíra! É, mesmo sabendo do risco de ver vários falsos positivos, acho melhor fazer os exames. Os médicos me explicaram que, dependendo do problema no coração, daria pra se tomar alguns remédios ainda na gravidez que ajudam. E outra, nesses casos logo que o bebê nascesse já teria um cardiologista especializado pra acompanhar. Super legal, né? Se você não faz nenhum exame e espera nascer, as chances de corrigir algumas coisas diminuem.
    Mas enfim, realmente é ótimo estar no Canadá. Uma das minhas 2 parteiras teve bebê há poucos meses, parto em casa. É bom saber que vou estar acompanhada de pessoas pouco intervencionistas.
    Ah, e o bebe é menino. Não lembro se comentei aqui, sei que comentei no facebook. Beijo!

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    1. Pois é Camilla, sempre penso nisso também, em problemas que possam ser amenizados quando descobertos e na presença de um profissional especializado durante o parto! Acho que intervenção demais é ruim, mas de menos também não é bom, não.

      Eu não vi você falando que era menino, não, que legal! Um amiguinho para o Nathan! E vocês já sabem o nome?

      Beijos!

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    2. Ainda não definimos o nome. Aceito sugestões. :-D Beijo!

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  3. Oi Camilla, passei pelo mesmo problema seu... num dos ultrassons apareceu arritmia na Laura... fiz mais um e deu normal.. mas a ansiedade foi grande durante o tempo de espera entre um e outro ultrassom. Acho que a tecnologia tem que ser sim uma aliada....
    Beijos

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    1. Pois é, o chato é que às vezes a tecnologia mais atrapalha que ajuda. Bom, pelo menos psicologicamente falando :(

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  4. Menina...acabei demorando pra ler esse e só agora to sabendo, mas com tudo resolvido! Que susto hein....graças à Deus tá tudo bem....eu acho q na segunda gravidez vou relaxar mais, até pq já to me sentindo mais experiente e segura...penso em tentar parto normal até na água, só se for em hospital com banheira, em casa nao ficaria tranquila...tenho q pesquisar aqui na cidade q moro se tem...pq na outra não tinha...Tô entrando na onda hippie...tenho tantas amigas com experiências incríveis, uma delas tb plantou a sua placenta...chorei vendo o vídeo...rs...duas delas pariram em casa e foi lindo!Acho q passando a ansiedade do primeiro, dá pra pensar em outras alternativas...bjo e feliz q tá tudo bem!

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    1. Na 2a. gravidez a gente relaxa muuuuuuito mais. Eu tô praticamente zen, rsrsrs. E até agora ainda cogito parto em casa, já que moro a 2 quadras do hospital. :) O que pega pra mim são coisas bem bobinhas, tipo: vai fazer sujeira? Quem vai limpar todo o sangue? E se eu gritar e o Nathan não conseguir dormir? Hehehe. Ah, claro, fora que talvez eu queira uma peridural e aí tem que estar no hospital.
      Mas enfim, minha parteira falou que posso fazer planos pro hospital e, se na hora H eu não quiser ir, é só não ir e pronto. Fácil. :)
      Beijos!

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    2. Eu tambem choraria ao ver a placenta ser plantada. De rir, eh claro.

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