Bom, esse era o meu pensamento até hoje. Eu sempre fui totalmente contra palmadinhas porque, se existe uma alternativa pacífica, óbvio que vou optar por ela. Por mais que me canse, que me estresse, etc. Mas sempre concordei com quem dizia que palmada não traumatiza. Pois é, mas aparentemente, essa história de que bater não traumatiza não é bem assim, não.
Este site comenta sobre uma pesquisa que o Ministério da Saúde de Ontario fez aqui no Canadá em 1990 com 5000 pessoas. Coletaram vários dados populacionais e, entre outras coisas, perguntavam (sei lá por que) se a pessoa tinha apanhado na infância. Deixando claro aqui que, para a categorização abaixo, só consideraram as palmadas leves. Nada que pudesse ser considerado abuso ou deixasse marcas.
Enfim, colocaram os dados em uma tabela e viram que no grupo dos que disseram que apanharam de vez em quando ou frequentemente na infância tinham muito mais gente sofrendo de ansiedade, depressão, alcoolismo e vícios. Vou copiar a tabela aqui, que números são legais. :-)
Adult disorder | Never spanked | Rarely spanked | Sometimes/often spanked |
Anxiety | 16.3% | 18.8% | 21.3% |
Major depression | 4.6% | 4.8% | 6.9% |
Alcohol abuse or addiction | 5.8% | 10.2% | 13.2% |
More than one disorder * | 7.5% | 12.6% | 16.7% |
Por favor, quem não entende de estatística abstenha-se de comentários. Não me venham com aquele papinho bobo de "ah, eu apanhei e não virei alcoólatra". Nem eu nem a pesquisa está dizendo que todo mundo que apanha vai ter ansiedade, depressão ou virar viciado. Os números só sugerem que a probabilidade aumenta.
Não dá nem pra dizer que a pesquisa foi tendenciosa, porque o objetivo da pesquisa era outro. Pelo que eu entendi, alguém apenas percebeu a aparente relação e colocou na tabela.
Fico me perguntando o que está por trás disso... Será que realmente as palmadas vão fazendo um dano no lado emocional da criança? Será que ela vai se sentindo menos amada, menos compreendida?
Ou será que os pais que batem já têm um perfil diferente? Afinal, se batem têm menos paciência, então talvez se dediquem menos aos filhos em outras áreas também. Talvez não conversem tanto, talvez não deem tanta atenção... Enfim, o problema não seria a palmada propriamente dita, mas ela seria um "sintoma" de pais que não são tão bons quanto poderiam.
Bom, são muitos "serás" e muitos "sei lás". Mas digo isso: se você bater vai ser julgado e está correndo risco de prejudicar seu filho. Por outro lado, se você não bate e ainda assim dá limites pra seu filho usando outros métodos, ninguém nunca vai te dizer que você tá errado. Sucesso garantido! Então seja forte, respire fundo, conte até 1000, coloque protetor no ouvido e segure pela 800a. vez o seu filho que está se esgoelando e deixe a chinelada pra lá.
Eu já apanhei (muito!) e já bati (um pouco..) e não gostei de mim nem um pouco em qualquer uma das posições.
ResponderExcluirAcho que quem apanha realmente fica mais ansioso, com tendência a depressão e a se agarrar em hábitos ou alimentos ou bebidas que tragam alguma satisfação. Afinal de contas, quando grande, a gente pode até achar/ entender que mereceu, mas a criança deve só achar que aquela pessoa (que supostamente é quem mais deveria amá-la) a está machucando. E ainda por cima dizendo "você está apanhando porque mereceu!". Estranho que o agressor sempre culpa o agredido, nunca vi alguém dizer a frase pensando no outro lado "eu estou te machucando porque você me ofendeu". Vai ver que daí parece menos civilizado, olho-por-olho, dente-por-dente. E olha que o adulto é sempre mais forte...
Eu acho que a palmada (palmadinhas e surras incluídas) fere a auto-estima e vai fazendo a pessoa acreditar que merece receber esse tipo de tratamento.
Como mãe, eu já perdi a paciência e me vi traindo essas minhas convicções... Foram várias palmadas e algumas chineladas em minha filha mais velha e eu me odiei em todas as situações... Até o dia em que resolvi que bastava. Ia ter que ter outro jeito. Claro que dá muito mais trabalho, que tem dia que chego a ameaçar (o que também é péssimo), mas estou conseguindo mudar sempre o texto da ameaça para "penas restritivas de liberdade" e não físicas. E aí tem que cumprir os combinados, né.
Mas acho que você está certa. Tem sempre outro jeito, se os pais ainda não encontraram, tem que se dedicar a encontrar o que funcionará com seus filhos. Não é assim com todo o resto? Leite que dá certo, técnica de desfralde que dá certo, jeitinho de fazer a criança dormir no próprio quarto, a gente conversa, procura e acha um jeito. Educar também merece pesquisa, pedir dicas, e todo o resto.
Adorei seu depoimento sincero, Alessandra!! Ser uma boa mãe também é isso: admitir que a gente não é perfeita, que às vezes a gente erra e... tentar melhorar! Parabéns!
ExcluirAbraço!
REalmente, nunca tinha ido atrás para ver alguma pesquisa, mas tenho plena conviccao de que bater simplesmente nao dá.
ResponderExcluirNós duas levamos algumas palmadas, ou chineladas na infância, né Lica? Nao posso dizer que isso me traumatizou, isso nao. Mas sei lá, eu me lembro que em algumas situacoes eu tinha medo da mae. Claro que eram outros tempos, ela mesma sempre fala que foi educada na cinta, mas sei lá, nao quero que as minhas filhas tenha medo de mim. Respeito sim, com certeza, mas nao medo.
Pois é , tem gente que usa demais essa desculpa de que "não traumatiza". Oras, tem um monte de coisa que não traumatiza e nem por isso são corretas.
ExcluirEu também tinha medo da mãe, sim. E me lembro até hoje de um beliscão que levei que achei que não foi merecido. Não vou dizer que traumatizou, mas fiquei magoada por muito tempo e, na época, só ajudou a reforçar aquela ideia que eu tinha de que a 2a. filha não era tão amada quanto a 1a. Ainda mais sendo filha do meio, hehehe.