terça-feira, 1 de fevereiro de 2011

Tentando telefonar

Só pra minha mãe não ficar reclamando que minhas "meninges não estão formadas" (family joke, sorry), vou contar aqui de uma dificuldade: telefonar pro Brasil.
Bom, o problema começa porque eu ainda não tenho telefone. Tentamos ir em uma operadora daqui (Rogers) pra comprar celular, mas para ter celular de conta aqui eles pedem cartão de crédito. Não sei se pedem isso pra todo mundo, mas para recém-chegados ao Canadá as coisas são um pouco mais difíceis, já que eles não sabem se você é um bom pagador ou não.
Para ter cartão de crédito, também não é tão simples assim. Principalmente quando você acabou de chegar ao país e não tem emprego, hehehe. :-) Não foi tão difícil pra gente porque o Alessandro já tem uma conta em banco aqui desde 2008 e fomos transferindo dinheiro pra ela aos poucos. Mas enfim, tivemos que pedir cartão, eles verificaram se podia e só hoje que fomos no banco pra assinar a requisição do cartão. Agora são mais 7 dias úteis até chegar. Então vamos ficar sem celular mais um tempinho...
Mas tudo bem, não tenho preconceito contra telefones públicos. Assim, comprei um cartão telefônico próprio para ligações internacionais. Aí, ontem, mesmo com o frio horripilante de -11 graus, saí de casa umas 18:00 pra ir até a cabine telefônica ligar para minha mãe.
Estava bem encapotada. Duas calças, duas meias, bota até o joelho, blusa de manga comprida, blusa de lã, casacão até o joelho, luvas, cachecol, gorro e capuz do casaco. Mesmo assim, é só sair na rua que o nariz gela quase instantaneamente. O pé também. O meu casaco foi comprado aqui e é bem quente, mas ainda preciso de uma bota mais canadense. Não sei por que, mas meu nariz também começa a escorrer sempre que saio no frio. Que mania mais desagradável!!

Enfim, cheguei até a esquina de casa e percebi que a cabine telefônica não era ali. Eu lembrava que era bem perto, então pensei que seria ou na rua de cima ou na de baixo. Tentei na de baixo. Não era, grrr. Devia ser na de cima. Andar uma quadra ou duas a mais parece bobo agora que estou quentinha aqui em casa, mas na hora me pareceu uma tortura gigante! Mas aí na volta vi um telefone público dentro de um prédio. Ha! Entrei. Peguei o tal cartão telefônico e fui ler as instruções. 1. Ligar para número tal. Beleza, disquei. Atendeu! Opa, caiu. Hmmm, estranho. Tentei de novo. Atendeu! Opa, caiu outra vez. Ué... Fiz isso algumas vezes, achando que o serviço não era de qualidade e alguma hora a ligação seria completada. O número começava com um código de área, então tentei discar zero antes. Ah, agora atendeu. A voz falou "Bem vindo ao serviço de discagem da Bell. Para inglês, pressione 17". Achei estranho, já que no cartão o passo 2 era selecionar 1 para inglês. Mas beleza, apertei 17. A voz continuou "Digite o número do seu cartão". Aí peguei o cartão, raspei e digitei o número. "Sinto muito, o número discado está incorreto". Tentei de novo. Incorreto. Outra vez. Incorreto. Grrrr. "Se quiser fazer uma ligação a cobrar, aperte 11". Apertei. "Sinto muito. Este telefone não está habilitado para ligações a cobrar". Ê dificuldade...
Saí do prédio e resolvi andar até a outra esquina, pra ir na cabine da Bell. Cheguei lá e tentei ligar a cobrar, mas a voz disse que aquele telefone também não fazia esse tipo de ligação. Grrr. Nisso meu pé já estava ficando bem gelado. A cabine não é fechada embaixo, tem uma fresta de uns 15 centímetros. Deve ser pra nenhum morador de rua querer dormir lá dentro... Mas enfim, já que tava lá resolvi tentar de novo. Comecei usando o procedimento descrito no cartão e liguei pro tal número, mas sem discar o zero antes. O telefone não quis discar, disse que eu tinha que colocar 50 centavos. Achei estranho. O número que eu estava ligando era pra ser tipo um 0800, não devia pagar pra ligar. Tentei de novo usando o zero, que pelo menos alguém atendia, mas continuava dizendo que o número do cartão era inválido. Chequei meu bolso... 25 centavos. Opa, achei uma moeda de 2 dólares. Ah, mas este telefone não aceita moedas de 2 dólares.
Bom, como continuar tentando fazendo tudo igual não adianta, fui lá na loja onde comprei o cartão, que era perto, do outro lado da rua. Falei com a moça do caixa, expliquei que a vozinha dizia pra mim que o número do cartão telefônico tava inválido, mas ela disse que eu tinha que falar com o chefe dele, que era quem tinha me vendido o cartão. Ele supostamente estava chegando. Mas aí perguntei pra ela se ela sabia usar esses cartões, pra ver se ela sabia se eu tava fazendo algo errado. Ela disse que sabia usar e disse que ia testar pra mim. Pegou o celular dela e discou pro número que dizia no cartão. Atendeu de cara! E não pediu pra digitar "17" pra inglês. Hmmm, bem como eu suspeitava. O problema é que o número não é do tipo "0800". Ou seja, não dá pra ligar de telefone público. Teria que ligar de casa, ou celular. A não ser que eu insira os 50 centavos no telefone público.
Como eu tava sem dinheiro, fim da história! Voltei pra casa 45 minutos depois sem ligar. E se eu não escrevesse esse post, minha mãe não ia ficar sabendo que tentar telefonar pode dar muito trabalho! Mas paciência, em no máximo 2 semanas já vou ter meu celular. Enquanto isso, mãe, vai lendo meu blog. :-)

2 comentários:

  1. Isso me lembrou o dia em que cheguei em Chicago, sem agasalho nenhum (era primavera), fui ao supermercado a noite com uma blusinha fina e na saída perdi o carro... 4o C!! Quase morri. Desespero total! No final tudo deu certo, meus amigos motorolanos me salvaram, mas eu já estava praticamente congelada! Serviu de lição, nunca mais na minha vida perdi o carro em estacionamentos.
    Sou friorenta demais tb, imagino seu sofrimento nessa neve toda!

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  2. Nossa, Dani! 4 graus com uma blusinha fina? É até perigoso dar hipotermia! Mas isso dificilmente aconteceria comigo. Eu e casacos somos praticamente uma entidade única, hehehe. Mesmo no verão, na praia eu sempre carrego um a tiracolo. :-)
    Aqui pelo menos o sofrimento é só ao ar livre. Todo lugar tem aquecimento.

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