quinta-feira, 28 de abril de 2011

Mudança para Burlington

  Antes de ontem completamos 3 meses no Canadá. Agora as coisas já estão bem mais ajeitadas por aqui. Tanto eu quanto o Alessandro já temos a carteira de motorista definitiva. Fizemos o teste de rua e foi tudo bem. E já tendo carteira de motorista, nada melhor que comprar um carro, certo? Então sábado passado compramos, aproveitando que um colega do Alessandro estava vendendo o dele. É um Hyundai Santa Fe. Bem grandão, com portamalão! Bonzinho de dirigir. Ainda bem que por aqui as vagas de estacionamento são grandinhas, mesmo nos prédios. Acho que esse carro não caberia na vaga do prédio da minha mãe nem com 1000 manobras...
  Mudamos pra Burlington sábado retrasado, dia 16. Cidade tamanho médio, 170.000 habitantes, na beira do Lake Ontario e a uns 80km das cataratas de Niagara. Para a mudança, alugamos um mini-caminhão, dois colegas ajudaram a carregar as tralhas e pronto, cá estamos. Logo que chegamos, encontrei no balcão da cozinha um kit de boas vindas. Tinha jornal, garrafinhas de água, pipoca de micro-ondas e itens básicos de limpeza (esponja, palha de aço, etc). Que meigo isso, não?
  Bom, acho que pra justificar o kit boas vindas tenho que explicar melhor como funciona o esquema. Por aqui existem dois tipos de prédios. Tem os prédios normais, como no Brasil, onde cada apartamento é de um dono. Aqui esses prédios são chamados de "condos", ou condomínio. A segunda categoria são os prédios de "apartamentos". Nesse caso o prédio inteiro é de uma empresa, que aluga e administra.
  A gente mora nesse 2o. tipo de prédio. Tem algumas vantagens nesse negócio, além do kit boas vindas, hehehe. Qualquer serviço que você precise (entupimento, vazamento, interfone não funciona, sei lá) é só fazer uma requisição e rapidinho eles resolvem. Tem um escritório que fica no térreo, aberto todos os dias. Então qualquer coisa é só passar lá. E para agradar os "clientes", eles também oferecem algumas atividades no prédio. Na páscoa, por exemplo, o Nathan participou de uma "caça aos ovos". Também tem sessões de cinema numa salinha, hidroginástica e aulas de natação na piscina, aulas de yoga, entre outros eventos. A sala de musculação acho que não tem instrutor, mas é bem equipada e tudo é bem conservado. E nem existe taxa de condomínio!!
  Claro que existem regras, como todo prédio. Aqui os apartamentos já vem com fogão e geladeira. Comprei minha própria máquina de lavar louças, mas acho que li em algum papelzinho por aí que era proibido máquina de lavar roupa nos apartamentos... Não tenho certeza. Mas enfim, tem a sala da lavanderia comunitária, como é bem comum por aqui. Fui lá com meu cestinho e me senti dentro de um seriado americano. :-)
  Para lavar a roupa é preciso pagar. Custa 1,75 pra lavar uma maquinada e mais 1,75 pra secar. Como não tem nem varal nem alguma espécie de área de serviço no apartamento, é preciso por tudo na secadora. Aliás, é proibido colocar varal na sacada, também. Pra pagar tem um cartãozinho que a gente põe créditos. Pelo menos dá pra por crédito usando o cartão de crédito, pra ganhar milhas. :-) Coloquei 50 dólares, vamos ver quanto dura...
  Mas enfim, o prédio parece legalzinho. Pena que o parquinho ainda está em construção. Espero que fique pronto logo, teoricamente estará pronto no verão. Também estão construindo churraqueiras ainda, porque (claro) é proibido fazer churrasco nas sacadas.

  Prédio comentado, vamos ao apartamento! É um apartamento que eu achei bem grandão, bem do jeito que eu gosto! Adoro espaço, até porque com mais espaço posso ter mais tralhas e eu também adoto tralhas! :D
  São 3 quartos grandes. O do Nathan já mostrei, o meu ainda não tirei fotos. Mas tenho uma foto bem sem graça do quarto que fizemos de escritório aqui. Querem ver? Bom, estejam avisados que é sem graça.

  Eu disse, não disse? Pois é, fotos de apartamento sem móveis são meio bobas.. Por isso que ando enrolando pra postar... Ah, como vocês podem ver, tem grades na janela. Aqui tem uma lei federal dizendo que toda janela que dá direto pra rua tem que ter barras, pra evitar quedas. Se não tiver você pode exigir que o proprietário coloque. Até aí tudo ótimo, mas... a lei não menciona sacadas. Logo que vim olhar o apartamento perguntei se podia colocar rede de proteção e me falaram que não, por causa do "código de estética" ou coisa parecida. Realmente, fiquei reparando e nunca vi, nem aqui, nem emToronto, nem em lugar nenhum um apartamento com tela de proteção.
  Fiquei preocupada com isso... As janelas aqui em casa estão todas protegidas, mas temos duas sacadas, uma em frente à sala e outra em frente aos dois quartos. Por enquanto tá tudo bem, porque está frio, nós nunca abrimos a porta e o Nathan não alcança a fechadura para abrir sozinho. Mas vou colocar um portãozinho na sacada, só pra garantir. Esses dias a gente ia comprar, mas... percebemos que não tínhamos as medidas da porta.
  E já que estou falando da sacada, nessa foto abaixo dá pra vê-la. Mas até agora não tive coragem de ir na sacada propriamente dita, então essa foto eu tirei de dentro do meu apartamento, pelo vidro mesmo, rsrsrs. A foto mostra a vista da sala do meu apartamento. Bonita, né? Visto pro mar, digo, lago.
  Ontem amanheceu um dia tão lindo que resolvi tirar mais fotos. A camera até que é boa, já a fotógrafa aqui bem meia boca, então a foto não ficou maravilhosa, mas até que ficou legal. Nunca tinha tirado uma foto do sol antes! Qualquer hora, preciso sair na sacada pra tirar foto. Mas sei lá, com o Nathan perto ainda não tive coragem, mesmo sendo tudo fechado e bem alto (fica quase na altura do meu peito). Aquela parte da sacada  que dá pra ver na foto não é aberta, é um vidro.
  Bom, tenho fotos da sala, mas ela ainda é um grande salão de baile. Só tem uma poltrona que o Alessandro comprou, o rack e a tv. Ah sim, e a mesinha do Nathan. Eu até já comprei sofá e tapete, mas só vão entregar na próxima 4a.feira. Não vejo a hora!! Por enquanto o responsável pela decoração é o Nathan. Enfim, vai a foto assim mesmo:
  E enquanto o resto dos móveis não chega, a gente aproveita o espaço vazio pra jogar hockey aqui dentro, mesmo.

  Como vocês puderam ver nas fotos da sacada, a localização do apartamento é ótima! A gente mora a duas quadras do lago. E em frente ao lago tem um parquinho, então fica fácil de levar o Nathan. Quer dizer, fácil mais ou menos. Porque quando eu vou com o Nathan andando, tudo é legal! Pedrinha é legal, mexer na terra é legal, correr no estacionamento é legal. Tudo é legal, menos andar na direção que eu quero que ele ande, hehehe. Ok, ele até anda, mas demooooora. E se o levo no carrinho, corre o risco de adormecer se estiver calminho. E se estiver bem acordadão, não quer ficar no carrinho e aí grita, grita, grita.
  Mas enfim, se finalmente conseguirmos chegar ao parquinho, aí ele se diverte. Hmmm, acho que só tenho foto no balanço do parquinho. O Alessandro tirou outras com o celular dele, mas não me mandou. Bom, vai as do balanço então.

  Aliás, esses balanços de encaixar a criança são ótimos, né?
  Se continuarmos andando na beira do lago, indo pra direita tem uma prainha. Dá pra enxergar daqui, mas até agora não fomos lá ver. Mas nem precisa chegar perto pra saber que a água vai ser gelaaaaada. Mas aposto que o Alessandro vai entrar, no verão!

  Ah, tem outra coisa muito legal neste apartamento!!! Storage space! Vulgarmente conhecidos como espaço para guardar coisas! Logo na entrada tem um closet, pra guardar os casacões e as botonas de neve. É, tá bem bagunçado... Preciso comprar um treco baixinho pra organizar os sapatos...

 Todos os quartos tem closets bem grandes. Hmmm, não tenho foto de nenhum. Mas espere, não é só isso!! Se você continuar lendo este blog, verá inteiramente grátis a foto de mais 3 lugares pra guardar coisas. Sim! Mais 3 lugares!
1. Closet para guardar vassouras e produtos de limpeza:
 2. Closet para guardar roupas de cama:
 
3. Mini-quarto para guardar... sei lá, o que quiser.


Não sei exatamente o propósito do quartinho, mas por enquanto estamos guardando caixas e é um lugar bom pra deixar o carrinho, que assim não fica no meio do caminho. Talvez pudesse ser um quarto de brinquedos ou pro Nathan brincar. Quer dizer, poderia, mas quem disse que ele gosta de ficar brincando sozinho?
  Já o armariozinho de coisas de limpeza achei muito bem pensado. No Brasil os apartamentos tem aquela área de serviço, mas as coisas ficam bem mais expostas, ou então a gente compra um armário pra guardar as coisas. Desse jeito aqui não precisa comprar móvel nenhum e fica tudo guardadinho escondidinho. Adorei!
  O armário para roupas de cama nem acho tão necessário, mas já que tem, ótimo! Uma coisa a menos pra guardar nos closets. Aliás, tem tanto espaço que o closet do meu quarto é meu, só meu, huahuahua!! O porém é que por enquanto tem aquele closet enooooorme só com cabides. Só tem uma única prateleira, acima dos cabides, mas fica meio alta. Então ainda preciso arrumar ou cômoda ou umas prateleiras mais baixas pra guardar coisas não-penduráveis.

  Ufa, acho que por hoje tá bom, né? Mais pra frente conto mais sobre as redondezas e como é a vida aqui em Burlington. Ainda tô no embalo de comprar coisas. Demora pra juntar um nível aceitável de tralhas! Hoje comprei mais cabides, facas de carne, uma cestinha, assadeiras de vidro e uma espécie de rodinho.
  Aqui é cheio das coisas automáticas, né? Esse "rodinho" é um cabo onde tem grudado um frasco de "desinfetante" e na ponta é aquele formato de rodo, com um paninho. Aí tem um botãozinho que você aperta e ele joga um jato de desinfetante no chão. Aí você vai jogando o desinfetante a gosto e vai passando o rodo. E o paninho é todo fresco, feito de um material que atrai a sujeira, que fica grudada no tal paninho. O paninho, por sua vez, gruda no cabo, você não precisa ficar ajeitando toda hora. Por outro lado, você tem que comprar o refil do paninho, então a coisa não é muito econômica (ou ecológica). O produto de limpeza da mesma marca também não é tão barato, mas nada impede que você jogue o líquido que quiser ali dentro.
  Eu já tava finalizando, mas como uma imagem diz mais que mil palavras, finalizo agora com a foto do meu novo apetrecho de limpeza que, aliás, tem uma propaganda engraçadíssima e bem original, vejam aqui.

segunda-feira, 25 de abril de 2011

Não para, não!

  Quando eu criança, às vezes deitava no sofá e minha mãe ficava sentada do meu lado, vendo tv e fazendo carinho na minha perna. Aí eu ficava quieta, fechava os olhos e eventualmente minha mãe parava. Aí eu chacoalhava a perna, como quem diz: "Ei, eu não dormi!! Não para, não!". :-)
  Lembrei disso hoje, quando tava colocando o Nathan para dormir. Estávamos deitados na cama dele e ele ficava colocando os pés na minha mão. Eu tentava desviar, tirava a mão, mudava de pose e ele continuava me perseguindo com o pezinho dele. Aí comecei a fazer massagem no pé dele. Eu já fiz massagem alguns vezes, pra ele relaxar e dormir, então pensei que talvez fosse isso que ele estava querendo.
  Bom, se era esse o objetivo dele eu não sei, só sei que funcionou. Comecei a fazer massagem e ele já ficou quietinho, de olhinhos fechados. Fiz um pouquinho, parei e, na mesma hora, ele abriu os olhos, pegou a minha mão e colocou de volta no pé dele. :-) Hehehe. Ok, você não dormiu ainda, eu continuo. Aí continuei com a massagem no pezinho e ele logo dormiu.
  E agora, para agradar a clientela, duas fotos do Nathan dormindo. Na foto abaixo vocês já podem ver o novo quarto do Nathan. Como ele é muito grande, agora ele tem uma cama queen size, hehehe. :-) Na verdade já estamos pensando nas futuras visitas. Ouviram, futuras visitas?? Se preparem, comprem passagem e venham!! Se tudo correr bem, vamos ter várias este ano, ebaaaa!! E a cama já tá com a proteção lateral, viu mãe? Pode ficar tranquila. :-) Já tem uma estantezinha no quarto, também, mas acho que ainda não tirei nenhuma foto. Agora estou pensando numa decoração com mais cara de criança. Fiquei surpresa de ver que existe bastante opção de lençol/edredon com motivos infantis no tamanho queen! Achei que não ia encontrar nada. Pois é, quem procura acha! Pelo menos aqui no Canadá...


sábado, 23 de abril de 2011

Casa velha

  Acabamos de mudar para um apartamento novo!! E para comemorar, vou falar um pouco sobre... o apartamento velho!!! Hahaha.
  É que eu sempre quis falar mal daquele apartamento, mas nunca tive a chance de escrever. Eu tenho um mooonte de assuntos na fila, mas o tempo é bem mais curto do que eu gostaria. Ou talvez o problema é que eu goste de ficar tagarelando aqui...  Se eu fosse mais rápida e sucinta, daria tempo de escrever sobre mais coisas. Bom, hoje vou tentar ser rápida!
  Então, indo ao assunto, o apartamento que morávamos era velho. Bem velho. Velho meeesmo. O piso dele era terrível!! Era inteiro de madeira, mas a madeira rangia que era uma coisa altamente fantasmagórica. Não dava pra dar meio passo sem todo mundo na casa ficar sabendo. A parte mais chata dos rangidos era colocar o Nathan pra dormir. Normalmente eu ou o Alessandro deitávamos com ele na cama e, quando ele adormecia, saíamos de fininho. Ah, mas ali era impossível sair de fininho!! A não ser que ele estivesse muito profundamente adormecido, ele acordava quando a gente tentava sair, porque o piso rangia. Aí começava tooodo o processo novamente. Grrr, dava uma raiva! Quantas e quantas vezes isso aconteceu! Por causa disso, demorávamos bem mais pra colocá-lo pra dormir nessa casa.
  Outra coisa chata era que tinha um lance de escadas, sem elevador. Tanto alguns degraus pra chegar até à porta, quanto alguns lá dentro, pra chegar no nosso apartamento, que era no 2o. piso. E a escada era bem estreita, com degraus curtíssimos. Então pra subir com o carrinho era bem complicado. Mais complicado ainda era quando eu saía sozinha com o Nathan e, quando chegava em casa, ele estava dormindo no carrinho. E aí? Bom, os primeiros lances de escada eu escalava com carrinho e tudo. Mas os degraus para formiguinhas não tinha como. Então eu deixava o Nathan no carrinho, subia, prendia a porta aberta (ela é daqueles que tem uma mola pra fechar automaticamente), voltava, pegava o Nathan no colo, subia com ele, deixava na cama, torcia para ele não acordar, descia de novo e trazia o carrinho.
  Se ele acordasse durante esse processo, o carrinho acabava ficando lá embaixo, mesmo. Porque não dava pra subir/descer com o Nathan e o carrinho ao mesmo tempo. E se eu descesse sozinha com ele acordado, ele ficava chorando ou tentava me seguir escada abaixo. E criança em escada não dá, né? Ele já cai por aí o tempo todo, não dá pra arriscar. O chato é que deixando o carrinho embaixo ele ficava bem no caminho, na porta da vizinha de baixo. Enfim, bem chato...
  Bom, acho que essas eram as reclamações principais. De resto até que era um lugar bem legal. Ah sim, eu já achava que o apartamento era velho. Até que achei esse extintor de incêndio na escada de trás (que sai da porta da cozinha e vai até a lavanderia).



  1974!! Mais velho que eu. Será que funciona? Ou será que só vai sair pó? Bom, pó também apaga fogo, né? Hehehe.

  Aí, na primeira vez que fui limpar o banheiro, arghhh, padrões de limpeza indianos. O chão tava limpo, a banheira também, mas os azulejos da parede pareciam nunca ter sido lavados. A janela também tava bem suja. Mas o pior foi quando estava limpando o vaso e olhei por baixo da caixa.


  Acho que não limparam desde 1974 também, hehehe. Esfreguei um monte, deu trabalho pra limpar!!

  Bom, mas hoje vai só esse post "curtinho" mesmo. Se tudo correr bem, amanhã venho escrever sobre o apartamento novo.

sábado, 16 de abril de 2011

Areia

  Tava aqui pensando, pensando... Aí em vez de pensar resolvi escrever.
  A gente foi pra praia em janeiro. Apenas 3 meses atrás. Ainda assim, o Nathan já mudou tantas coisas nesse período.

  Em janeiro ele não era muito fã de areia. Não gostava quando os pés afundavam na areia da praia e também não achou tão divertido assim brincar com ela. Já agora, quando vamos no parque, ele fica um tempão brincando com a areia. Faz montinhos, espalha, junta um montinho na mão e vai jogando devagarzinho, vendo o vento levar. Enfim, fica explorando pra ver o que mais tem pra fazer de divertido com esse negócio.

  Em janeiro ele colocou a colher no prato e depois levou na boca, só por imitação. Hoje ele comeu quase a refeição inteira sozinho, com a colher. Semana passada ele ainda derrubava a maior parte da comida, hoje acertou praticamente todas as colheradas. Tomar líquidos ele sempre tomou no copo, mas com ajuda. Agora ele toma o leite na caneca sozinho. E ainda segura o copo com uma mão só, o metido, rsrsrs. :-) Vejam foto dele em sua mesinha.


  Em janeiro ele dormia 2 ou 3 vezes por dia. Já este mês ele começou a dormir uma vez só. Antigamente eu ficava pensando comigo mesma: como vou saber que tá na hora de dormir uma vez só? Que bobinha que eu era em pensar nisso, quando é tão simples! É muito fácil, é só ver quando o escândalo atinge níveis insuportáveis. :-) É que normalmente o Nathan adormece fácil. Levo pro quarto, tudo escuro, ele mama e dorme. Aí, de uma hora pra outra, a hora de cochilar (tanto de manhã quanto à tarde) virou um drama! Ou ele ficava rolando, rolando, rolando e não adormecia, ou, mais comum, ficava berrando porque queria levantar e eu não deixava. Se eu insistisse, ele acabava adormecendo. Mas depois de um dia que eu tive que ficar quase 1 hora deitada com ele, me toquei que se ele estivesse com sono, teria se entregado mais cedo. Tentei adiar um pouco a hora de dormir por alguns dias (em vez de 10:00, coloquei pra dormir 11:00), mas não deu certo. Ele dormia fácil o cochilo da manhã, mas o cochilo da tarde continuava fazendo escândalo. E se eu adiasse o da tarde também, aí à noite ele dormia tarde demais.
  Enfim, o único jeito foi mudar para o cochilo único, depois do almoço. Nas horas finais ele fica bem cansado e manhoso, mas ainda assim é melhor do que tava antes. Pelo menos depois do almoço ele capota rapidinho.

  Em janeiro ele falava muito, mas não dizia quase nada. :) Agora já sabe várias palavrinhas. Mas às vezes ainda fica confuso. Já falei pra vovó Maria, agora vou contar aqui um "causo". A titia Cintya deu pra ele um livrinho chamado "Cadê minha mamãe?". É a história de um pintinho que acordou um dia, não sabia onde tava a mãe dele e saiu procurando. Nesse livro a palavra mamãe é repetida várias vezes. Bom, o Nathan adoooora esse livro, desde o 1o. dia até hoje. Toda vez que começo a ler pra ele, não posso parar. É chegar no final, que ele pede pra ler de novo. E de novo. E de novo. E de novo. Sei que eu sempre enjoo antes dele e a sessão de leitura acaba em birra. :-) Então, sempre que eu leio, no final já escondo o livro.
  Sei que nisso o livro ficou guardado um tempo. Aí há algumas semanas lembrei do livro e li pra ele. Bom, ele continua a-do-ran-do o livro e pediu pra eu ficar lendo de novo, de novo e de novo. Mas dessa vez teve um resultado inesperado. Desde esse último dia, ele passou a apontar para o livrinho dele e falar "mamãe". E passou a me chamar de papai, hahaha. Agora tanto eu quanto o Alessandro somos papai e todos os livros se chamam mamãe, hehehe. Acho que tá faltando gente falando português por perto, rsrsrs. Ele está ficando confuso. :-)
  E olha que eu tento... Toda vez que o pego no colo falo "vem com a mamãe" ou "colo mamãe", enfim, qualquer coisa com mamãe. Aponto para fotos onde estou eu e o Alessandro e falo quem é o papai e quem é a mamãe. Mas na verdade acho que ele sabe, só não quer é falar. Porque quando falo "dá beijo na mamãe", ele sempre me dá.

  Até o beijo dele tá diferente. Antes ele vinha com a boca aberta e encostava a língua babada na minha bochecha, hehehe. Agora ele já faz biquinho e até barulhinho. Faz "mmmmm-ááa!" Eu muitas vezes faço esse "barulho de beijo", então ele acabou aprendendo.
 
  A imitação, claro, continua. Ele tenta lavar o meu cabelo. Pega papel higiênico, joga na privada e dá descarga. Só faltou se limpar, hehehe. Tira cabelos da escova e joga no vaso, igual eu faço às vezes. :-) Pega a caneca com leite e tenta despejar no prato (igual eu faço preparando o cereal de manhã). Rabisca com giz de cera (e se eu me distrair, rabisca o sofá com caneta, ).

  Já contei que quando o Nathan acorda de madrugada, o Alessandro normalmente vai lá dar água e ver se isso é o suficiente. Se sim, ele toma água, deita e dorme. Quando não é, o Nathan senta na cama e fica quietinho, me esperando. Quando o Alessandro demora pra sair do quarto, é porque estão me esperando. Aí dia desses o Nathan chorou. Como já passava da meia-noite, desliguei o computador, escovei os dentes, fiquei pronta pra dormir e fui lá. Quando entrei no quarto, ele ficou tão feliz de me ver que começou a bater palmas. :-) Muito bonitinho. Na época em que ele ainda me chamava de mamãe, ele falava "mamãiiiiiiiiiii" quando me via. Mas agora eu sou papai, né? Fazer o quê? :-)

  Mais algumas fotos:
Nossa, eu lembro de uma foto do comecinho deste ano que ele tava com essa mesma camiseta. Ela passava da bunda, ficava compridinha. Agora ele parece tão compridão nessa foto..

O Nathan adora escalar as coisas. O que ele mais gosta de fazer com essa mesinha é subir e ficar sapateando em cima dela. Agora que o estou convencendo de que ela é um bom apoio pra rabiscar em papel.


Não tem nada de muito especial nessa foto, mas acho ela tão bonitinha!!

  Além de uma mesinha, o Nathan também tem uma cadeirinha. Essa foto me lembra de outra mudança. Antes ele via tv, mas pra ele acho que eram apenas cores e sons. Já agora ele assiste desenhos e entende. Às vezes ele tá sentadinho em frente à tv, assistindo e, de repente, dá uma risada. É bem bonitinho. :-) Normalmente ele ri quando os personagens riem, mas às vezes acha graça de alguma coisa sozinho e dá uma risadinha. E também não gosta e reclama quando a gente tira do canal de desenhos. O preferido dele é o Toopy and Binoo.
  Aqui tem um canal que só passa desenhinhos beeeeeem de criancinha. Esse é um deles. Os dilemas dos personagens são do tipo "minha pipa não quer voar" ou "não consigo escolher o que comer", rsrsrs. :-)

  Ok, acho que já tá bom por hoje. Já dá pra vocês aguentarem até eu acabar de ajeitar minha mudança. Um beijo e até a próxima.

quinta-feira, 14 de abril de 2011

Um dia no parque

 O post de hoje é mais pra colocar fotos do que pra escrever. 3a. feira estava um dia bem bonito, com um solzão, estava frio (em vez de super hiper mega congelante), então eu e o Nathan fomos no parque que tem bem perto daqui de casa.
  O Nathan adora sair de casa!! Antes ele fazia aqueeeele escândalo pra colocar roupa, meia, sapato, etc. Agora já percebeu que quando a gente coloca essas coisas, é porque vamos sair, então deixa numa boa. Aliás, tadinho, hoje acabei enganando ele sem querer. Tem uma jaqueta que ele ganhou da vovó Maria ano passado mas que até então era grande. Aí hoje resolvi experimentar nele, pra ver se já tava servindo. Coloquei, parecia ok, aí tirei e fui guardar. Nossa, ele abriu o maior berreiro!! E eu sem entender o que tinha acontecido. Voltei pra perto dele e ele continuou chorando. Pegou a jaqueta da minha mão e continuou chorando. Aí colocou a jaqueta de volta na minha mão, como quem diz "Vamos, faça o seu trabalho!! Vista de novo a jaqueta em mim e vamos sair!". Bom, não saímos imediatamente, mas depois fomos sim dar uma voltinha.
  É bom que ele fica feliz com qualquer coisa. Só de descer e ficar na calçada já é super divertido! Afinal, tem tanta coisa interessante: pedras, pauzinhos, terra, folhas... Tudo super legal!
  Mas como ia dizendo, 3a.feira fomos no parque. Lá, como eu disse, ele brincou com folhas, terra, areia, bateu pauzinho na área, "desenhou" com o pauzinho, brincou com bola, bateu a bola no metal pra fazer barulhinho, olhou esquilos, olhou cachorros (tinha um mooonte de gente brincando com cachorros por lá)... Depois foi no parquinho e adorou o escorregador!! Eu colocava ele pra escorregar e, chegando no fim, ele já ia correndo pra escada pra escorregar de novo. Repetimos isso muitas, muitas vezes. O ruim é que o escorregador tava fazendo ele acumular eletricidade. Aí a cada escorregada ele fica com o cabelo todo em pé, hehehe, muito engraçado. Só que quando eu ia pegá-lo ele me dava choque!!
  E interessante como o parque ganha vida na primavera. No inverno fomos lá e só tinha neve, neve, neve. Agora está verdinho e lotado de gente. Gente passeando com cachorro, gente correndo, crianças no parquinho, homens jogando futebol, outros jogando baseball, crianças com bicicletinhas... Enfim, parque é o point! O gramadão dos cachorros era o mais movimentado. Um monte de gente conversando e cachorros correndo, buscando bolas, correndo atrás de frisbees.. É bem como os filmes mostram, lugar para arrumar encontros!
  Enfim, sem mais delongas, vamos às fotos.

 Nathan com a bolinha rosa que ele gosta de usar para bater nas placas, pedras, etc para fazer barulhinho.


No fundo dessa foto acima tem o centro comunitário onde eu levo o Nathan na piscina e no indoor playground. Quer dizer, levava. Esta é nossa última semana em Toronto.

Nathan com a bolinha azul. Essa ele gosta de jogar e correr atrás (ou jogar para eu correr atrás)




 Brincando com a areia...

Poxa, bem na escorregada que eu consegui tirar a foto não ficou com o cabelo em pé... Tava tão engraçado!

Mais brincadeiras com um pauzinho


quarta-feira, 13 de abril de 2011

RESP

  Este fim de semana começamos a guardar dinheiro pro Nathan ir pra universidade. :-) Acho que uma boa parte dos pais pensa em fazer uma poupança assim que o filho nasce, né? Pois é, eu também sempre tive essa ideia. Na verdade, sempre tive espírito de formiga. Mesmo no 1o. emprego, quando ganhava bem pouquinho, já guardava uma parte na poupança. Hmmm, pensando bem, desde criança que sou assim. Lembro de juntar minha mesada vários meses seguidos para comprar uma boneca...

  E se eu já achava uma boa ideia guardar dinheiro pro Nathan, aqui no Canadá temos ainda mais motivos pra economizar para a universidade. Aqui existe uma espécie de poupança chamada RESP - Registered Education Savings Plan. É um investimento com o objetivo específico de guardar dinheiro para estudos do 3o.grau. Tem 2 vantagens sobre os investimentos normais: 1)não tem impostos sobre os rendimentos e 2)o governo dá 20% em cima do que você colocar. Ou seja, cada vez que você deposita 100dólares, o governo vai lá e deposita 20dólares de presente. Legal, né? :-) O incentivo à educação aqui é bem bacana. Pra quem tem baixa renda, o governo dá 40% (em vez de 20%) do depositado e ainda uns 500dólares só por ter aberto a conta RESP.

  Bom, mas não é exatamente igual poupança. Funciona tipo plano de previdência privada. Você tem que deixar o dinheiro quietinho lá até a criança fazer 18 anos, idade em que supostamente ela vai pra universidade. Aí você apresenta o comprovante de matrícula e recebe de volta o dinheiro que depositou, mais os rendimentos, mais o dinheiro que o governo depositou. Enfim, tudo. E se o seu filho não for pra universidade, você recebe o dinheiro de volta, mas não os juros nem os benefícios do governo. Por isso que é bom começar o quanto antes, pra ter o efeito juros sobre juros. E, claro, pra receber os benefícios.

  Aliás, o governo tem mais é que ajudar, mesmo. Não sei muito bem como funcionam as universidades por aqui, mas que eu saiba a grande maioria é paga. Outro hora pesquiso sobre isso. Já tive que gastar um bom tempinho pra pesquisar essas coisas, porque tem várias entidades que disponibilizam esses RESPs. Bancos também, mas eles cobram taxas muito altas. O que eu escolhi cobra taxa, mas promete devolver se você levar o plano até os 18 anos. Acabei optando por uma fundação que tem obtido os melhores rendimentos.

  Aiai, o triste disso tudo é que o Nathan tem só 16 meses e eu já tenho que ficr pensando que um dia ele vai estar grandão, com 18 anos e possivelmente vai sair de casa. Buáááááá, não quero que ele vá pra longe. Snif... Fiquei pensando nisso e abraçando o Nathan igual o Pepe le gambá abraçando aquela gatinha que tentava fugir, hehehe. Alguém lembra do desenho?

   Ele tava tipo essa gatinha "Sai mãe, agora tô brincando, hehehe". E pra matar a saudade, aí vai uma foto do Nathan brincando com a ovelhinha que ele ganhou na loja de colchões. Nossa, olhando a foto agora tô achando que ele tá com uma cara tão de menininho! Cadê meu bebê???


sexta-feira, 8 de abril de 2011

Maternidade Real

  Como prometido, é hoje! Aiai, meus posts já são tão gigantescos. E esse assunto é tão inspirador! Tenho medo de ficar sentada aqui pra sempre, escrevendo. Sendo que "pra sempre"= até que o Nathan enjoe de dormir sozinho e venha me buscar.
  Ser mãe é diferente do que eu pensava. Beleza. Eu já sabia que ia me surpreender. Mas não sabia exatamente quais seriam os elementos-surpresa. E foram muitos. Vou começar contando de um ou dois e vamos ver onde a gente chega.

A HORA DE DORMIR
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  Alguns anos atrás, uma de minhas tias dormia no mesmo quarto com o marido e seus dois filhos. Nem sei bem se dormiam na mesma cama, no mesmo quarto, colchões no chão, espalhados... Não lembro. O que eu mais lembro é do meu pensamento, que foi algo do tipo: "Credo, que coisa esquisita. Eu não ia querer isso não..." Hoje esse negócio de dormir com os filhos tem nome, se chama cama compartilhada. E aos poucos, sei lá como, o Nathan foi se mudando pra minha cama.
  Quando ele nasceu, tinha seu próprio quartinho, muito bem planejado e decorado, com seu lindo e às vezes odiado bercinho, onde ele dormia. Meu plano era que ele dormisse sempre no seu quarto, sempre no seu berço. Uma vez li em algum lugar uma "dica" que dizia pra nunca deixar o seu filho subir na sua cama. Nunca. Nem de noite nem de dia, nem pra brincar, nada. Assim ele saberia que aquele não é território pra ele. Na época, lembro de ter achado a ideia interessante, embora não tivesse exatamente pensado em praticá-la. Hoje só consigo dar risada de uma ideia tão boba!!
  O Nathan dormiu no berço praticamente todo o seu primeiro ano de vida. Mas uma coisa muito importante é que ele não "adormecia" no berço. Não não. Nunca. Adormecer tinha que ser no colo. De preferência da mamãe. De preferência mamando.
  E assim foi. Mesmo quando ele acordava 10 vezes por noite, por cólica ou por carência, eu levantava da minha cama, ia pro quarto dele, ele mamava, eu andava com ele no colo pelo quarto até ele adormecer, colocava no berço, voltava pro meu quarto. Passava 45 minutos ele acordava de novo, eu levantava, fazia tudo de novo, voltava pro meu quarto. Às vezes ele não queria adormecer por nada. Eu andava (putz, já faz 30minutos), cantava (droga, 45 minutos), chacoalhava(não acredito, 1 hora e nada), amamentava de novo(1hora e meia, dooooorme criatura), 2horas... Ufa, dormiu.
  E mesmo que eu tivesse que ficar indo e voltando a noite inteira, eu ficava indo e voltando. Algumas dessas vezes que ele não dormia por nada eu o levei pra minha cama. Mas não muitas, porque se o Nathan chorasse o Alessandro reclamava. Ou se mudava pra outro quarto.E assim eu seguia, indo e voltando, indo e voltando. Se minha vida fosse desenho, já ia ter se formado aquele buraquinho no chão no caminho que eu fazia.

  Uma curiosidade: quem me conhece bem sabe que adoro planilhas, números e afins. Pois é, eu deixava sempre papel e caneta na cômoda do quarto do Nathan. Anotava várias e, entre elas, quantas vezes eu acordava por noite. Só por diversão. :-P Se o número fosse muito grande, pelo menos tinha o prêmio de consolação de saber que bati meu recorde, hehehe. O recorde foi 12!
  É, todos falavam que bebê dá trabalho. Mas eu não sabia de detalhes como esse, que eles podiam demorar até 2 horas pra adormecer, assim, sem motivo algum, sem dor, sem chorar. Às vezes parecia que ele queria apenas ficar ali no colo, me olhando... Aí tinha horas que eu olhava e sentia aquela ternura, um amor tão grande, ficava só ali olhando de volta. Mas conforme os minutos iam passando eu sentia era dor nas costas, dor nos seios e sooooooooono. Muito sono!!!
  Com o tempo ele foi acordando cada vez menos à noite e, logo após o aniversário de 1ano, estava acordando no máximo 1 vez. Mas agora ele sempre mamava rápido (tipo 5-10 minutos) e adormecia relativamente rápido. Errr, não, quase isso. Era EU que adormecia relativamente rápido. Quantas e quantas vezes adormeci na poltrona de amamentação! Algumas vezes o Alessandro ia me resgatar. Ele chegava e tava eu lá na poltrona com a cabeça caída, peito de fora e o Nathan no meu colo, dormindo tranquilamente. Imagina a cena! Eu tinha feito um arranjo/pose que permitia que eu adormecesse com ele encaixado, sem risco de cair. Então eu colocava ele pra mamar e dormia mesmo! Alguma hora eu acordava (às vezes horas depois, quando meu salvador não vinha), aí eu colocava ele no berço e ia dormir na minha cama.
  Em dezembro do ano passado, quando eu não estava mais trabalhando, começamos a viajar. Passei dias na casa da minha mãe, dias na casa da minha sogra, dias na praia... Nessas viagens o Nathan normalmente dormia comigo. Bem, meu filho é pequenininho, mas não é bobinho, né? A partir do momento que descobriu como era legal dormir com a mamãe, ficou mais difícil fazê-lo continuar no berço. Ele adormecia no meu colo, eu colocava no berço, ele acordava. Eu pegava de novo, esperava adormecer, ele acordava. Ele parecia lutar cada vez mais pra adormecer, porque (imagino eu) sabia que, quando isso acontecesse, ia acabar no berço de novo. Comecei a fazê-lo adormecer na minha cama, mesmo, eu deitada com ele.
  Hoje a coisa é assim: tenho uma cama queen no meu quarto e o Nathan tem uma cama de solteiro na cama dele. À noite eu tomo banho com ele na banheira. Ele acostumou a mamar durante o banho e às vezes adormece na banheira, mesmo. Aí o Alessandro o pega, troca e põe na cama. Quando ele não adormece, o Alessandro também o pega e troca e deita com ele na caminha até ele adormecer. Isso é cerca de 21:00.
  Entre 00:00 e 01:00 normalmente ele acorda. O Alessandro vai lá e oferece água. Enquanto isso eu faço meus preparativos finais, coloco pijama, escovo os dentes, etc. Às vezes o Nathan se contenta com a água, já deita de novo e volta a dormir. Mas normalmente o que acaba acontecendo é que ele fica sentadinho na cama, calmamente esperando eu chegar. E se ele sentou, já era. "Beleza, já tomei água. Agora cadê a mamãe?". Se o Alessandro tentar sair, ele chora. Mas mesmo se ficar lá, ele não volta a dormir. Fica sentadinho, usando o papai de refém. "Ok mamãe, estou com o papai aqui no quarto. Ninguém precisa chorar hoje! Venha rápido e nenhum ouvido será ferido". Eu chego no quarto, fazemos a troca de reféns, aí o Alessandro pode sair.
  Eu deito e ele mama. Quando ele para de mamar, eu espero ele adormecer pra voltar pro meu quarto. O problema é que em 96% das vezes eu adormeço antes dele. Aí eu, que dormia numa confortável cama king size, acabo dormindo espremida com meu filho numa caminha de solteiro, com uma cabecinha no meu braço e perninhas em cima da minha barriga. E achando lindo fofinho cuticuti da mamãe.
  Essa é a maternidade real. Além de não saber que eu ia dormir com meu filho, eu não sabia que ia achar lindo. Se tudo correr como o planejado e eu tiver mais um filho, tenho certeza que não vou passar tanto tempo caminhando pelas madrugadas e deixar minha cama quentinha lá sozinha.


 OS PRIMEIROS CHOROS

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No primeiro mês de vida do Nathan, eu estava aprendendo a ser mãe. E para isso, nada como uma professora experiente: minha própria mãe. Um dia ele não parava de chorar. Eu estava com ele no colo, amamentei, mas... Sei lá, ele tava chorando assim mesmo. Minha mãe o pegou e o acalmou. Aí quem chorou fui eu. "Buáááá, não consigo acalmar meu próprio filho. E quando minha mãe for embora? O que que eu vou fazer?". É, pós parto é dureza. Tem horas que dá uma insegurança. E enquanto os hormônios estão se ajeitando a gente chora por qualquer gota de leite derramado.
Lembro de algumas vezes o Nathan estar chorando e minha mãe falava: "canta pra ele, filha!" E eu só pensando: "Xiii, o que é que eu canto para essa criaturinha? Eu não conheço canções de ninar". Aí a primeira música que ele ouviu foi uma do Aerosmith, que começa assim:  "I could stay awake just to hear you breathing. Watch your smile while you are sleeping, while you're far away and dreaming." (Eu poderia ficar acordada só pra te ouvir respirar. Ver seu sorriso enquanto você dorme, enquanto você tá longe, sonhando.)Ah, é bonitinha, vai! :-) Eventualmente fui lembrando/aprendendo musiquinhas pra cantar pra ele, mas continuei achando legal ficar cantando essa do Aerosmith quando ele já tava quietinho no meu colo, quase adormecido.
Dizem que quando a gente é mãe sabe automaticamente o que fazer. É, mais ou menos... Na vida real a gente às vezes precisa de umas aulas. E por mais que eu tivesse lido livros, artigos, páginas na internet, a presença da minha mãe foi essencial!

AMAMENTAÇÃO
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Antigamente eu não sabia nada sobre amamentação. Só sabia que bebês nasciam, mamavam um tempo no peito, depois paravam e só.  Um belo dia, um oftalmologista (?) comentou, por acaso, que esse negócio de mamar exclusivo no peito por 6 meses era exagero. E que os órgãos de saúde recomendavam isso mais pra atingir a classe menos esclarecida, pra quem não dessem porcaria pros bebês e também seria úteil pra países com muita desnutrição. Disse que as fórmulas infantis tinham o mesmo efeito que o leite materno. Achei que fazia sentido. Acreditei e posso até ter repetido essa história por aí. Tsc tsc tsc. Tolinha. Agora eu já aprendi a sempre checar as fontes e não acreditar de cara no que me dizem, só porque o cara é médico. Pô, nem pediatra a criatura era!
  Eu também acreditava que leite no peito era igual água no sol, que secava, puf! Lembro de ouvir gente falando que brigou com não sei quem, passou muito nervoso e o leite secou. Uau! Que medo! Eu tinha medo do meu leite secar também. Até avisei o Alessandro mil vezes que ele não podia brigar comigo quando eu tivesse amamentando. Ele que aguentasse e engolisse sapos por um bem maior.
 Durante a gravidez, ao pesquisar sobre parto humanizado, sempre acabava trombando com muitas informações. Aprendi que 6 meses de amamentação exclusiva não é frescura e nem coisa pra "pobre desnutrido desinformado", como o cara me disse. Influencia futuramente a obesidade, o paladar, o QI, alergias, lado emocional... São tantos benefícios que vale um post inteiro só pra falar sobre isso. Bom, fica pra outra hora. Quem nunca leu nada sobre o assunto, pode começar por aqui:  1000 dias que valem uma vida. É sobre como o que os bebês "comem" na barriga da mãe + primeiros 2 anos de vida influenciam o resto de suas vidas.
  Enfim, li um monte, o suficiente pra me convencer a amamentar no peito exclusivamente por 6 meses e depois continuar até os 2 anos. Por um lado, vi que esse negócio de leite secar é conversa-pra-bovinos-adormecerem. Leite não seca coisíssima nenhuma. Ufa, que bom! Um medo a menos. :-) A produção de leite pode diminuir, é verdade, em épocas de stress. Mas é só continuar colocando o bebê pra mamar, esperar o stress passar que a natureza se encarrega de fazer voltar a jorrar. E claro, sem colocar mamadeira na jogada. Quase toda amamentação começa a terminar com a frase "comecei a complementar com nan". Também aprendi que esse negócio de "eu tinha pouco leite" é coisa que praticamente não existe. Apenas cerca de 1% das mulheres tem algum problema nas glândulas mamárias que impeçam uma produção adequada. Beleza, outro medo que foi pelo ralo abaixo. :-)
  Essas foram as novidades boas que eu descobri. Por outro lado, também descobri que amamentar não é fácil? "Ah, não?". Pois é, umas mulheres diziam que doíam, que o filho mamava errado e por isso tinha pouco leite(ué, tem jeito certo e errado?), que ficaram com tendinite por causa da pose (really??), que dava dor nas costas, que o bebê podia quer mamar a noite toda... Xiii, nas fotos bonitas de mulheres amamentando que a gente vê só tem sorriso, parece tudo tão fácil, lindo, meigo e fraterno! Mas como sou uma pessoa feliz e otimista,  imaginei que eu seria uma das felizardas pra quem tudo dá certo.
  Aí o Nathan nasceu, o leite desceu, o peito encheu e até vazou um pouquinho. Ótimo! Sinal que tinha leite suficiente. Você conhece alguém que disse que não tinha leite suficiente? Pergunta pra ela se o peito vazou no começo. Sim? Então tadinha, alguém comeu bola nessa história. Faltou orientação, faltou uma especialista em amamentação, faltou um pediatra bom, faltou algum hormônio ou talvez dedicação. Mas as glândulas mamárias dela estavam lá, prontinhas e operantes para o trabalho. 
  Enfim, comecei a amamentar e não era nada igual as fotos bonitas. Doía. Doía muito!!! O peito empedrou, o bico rachou, o bico sangrava, ficava em carne viva, grudava no soutien, o sangue secava, eu puxava pra desgrudar, ahhhhhhhhhhhhhhhhh, que dor, arrancava pedaço, sangrava de novo... Ai, que dureza!! E mesmo assim eu tinha que amamentar. Mais ou menos a cada 2 horas. 12 vezes por dia. Do lado da poltrona de amamentação eu deixava um mordedor. O Nathan tinha ganhado de presente, mas eu pedi emprestado. "Posso pegar, Nathan?". "  ". Beleza, quem cala consente.
  Cada vez que eu ia amamentar, dava vontade de chorar. E às vezes eu chorava mesmo. Eu colocava o mordedor na boca e encaixava o Nathan no peito. Brrrffffffffffffffff. Mordia o mordedor e abafava o grito. Lágrimas rolavam. As primeiras sugadas eram as piores. Acho que ele fazia bastante força até começar a sair leite e atingir um "ritmo" razoável pra minha ferinha fominha. Depois que entrava no ritmo ficava um pouco menos doído. Aí eu conseguia ficar jogando monster no psp enquanto ele mamava. :-)
  E assim continuei amamentando, com muita dor. Amamentar doía. Tomar banho doía quando a água rolava pelo peito. Qualquer mexida de posição que fizesse o soutien se mover milimetricamente, doía. Fui pra praia e quando entrava na água e o mamilo dava aquela encolhida, nossa, como doía! Enfim, dor, dor, dor.
  Na maioria das mamadas eu lembrava do filme "Jogos Mortais". Conhecem? Aquela romântica história de um louco que prende pessoas em geringonças e elas são obrigadas a se mutilar pra não morrer. Aí eu ficava pensando se cortar um dedo fora com uma faca doía mais que aquilo que eu tava sentindo. Ficava fazendo essa e outras comparações belíssimas, totalmente apropriadas para o lindo momento amamentação! Ah gente, não era de propósito. As cenas vinham, uai! Quando eu via, já tava pensando no filme de novo.
  Aí, um belo dia, 2 meses e 600 mamadas depois, a dor passou. Ahhhhhh. Agora sim. A coisa foi ficando relaxante e gratificante. Foi quando eu comecei a adormecer amamentando, hehehe.

  Mais um exemplo de maternidade real derrubando a idealizada. Sabia da possibilidade das dificuldades, mas não imaginei que fosse doer o tanto que doeu. Nem por tanto tempo. Eu consultei 2 médicas, 2 consultoras em amamentação, perguntei pra minha mãe, todas diziam que o Nathan tava mamando certinho, que a pega tava boa. Ninguém entendia por que doía. Eu muito menos. Só sei que foi assim. Só sei que passou. E sei que valeu a pena!
  O Nathan mamou só no peito por 6 meses. Cresceu, engordou, ganhou dobrinhas. Mama até hoje, com 1ano e 4 meses e é muito saudável. Praticamente não fica doente. Nunca precisei levar no pronto-socorro nem no médico (só pra consultas de rotina). Nunca teve otite, tão comum em bebês que tomam mamadeira. Febre teve, claro. Todo bebê tem. Acho que foram 5. Todas foram embora sozinhas, sem precisar tomar remédio. O único remédio foi o leite materno, rico em anticorpos. Quando ele tinha febre, dormia comigo na cama a noite toda, mamava a noite toda e já acordava com a temperatura normal. Eu brincava que ele não precisava tomar anti-térmico, porque tomava "peito-térmico", hehehe.
  Claro que não dá pra dizer que o leite materno é o único responsável pela saúde dele. Eu sei da influência do acaso, do ambiente, da genética e outros. Mas ainda assim, acho que o leite tem um peso bem considerável.


MÃE MELHOR X MÃE PIOR
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  Esse tema de maternidade real é meio comum em blogs por aí. Hoje mais ainda, claro, dia da blogagem coletiva. Mas sei lá, acho que sou diferente das outras mulheres. Sempre vejo mães na defensiva, dizendo que cada um sabe o que é melhor para sua própria família, que só quem passa pela situação que sabe como é difícil, que ninguém tem que dar palpite sobre como criar os filhos dos outros e blábláblá.
  Estranho... Nunca me incomodei com comentários alheios, talvez porque sempre estive segura de minhas decisões. Por exemplo, algumas mulheres viram o Nathan no sling e estranharam. Perguntaram se não ia machucar, se ele não ia sufocar, se era desconfortável, se fazia mal pra coluna. Teve quem falou "tadinho", teve quem criticou. Mas nunca liguei, nem fiquei brava ou coisa parecida. Respondia as perguntas e até dava uma aulinha básica. :-) Ué, ninguém nasceu sabendo. Se a pessoa nunca viu, por que ela é obrigada a saber se é bom ou ruim? A gente tem que ser mais tolerante. Volta e meia, em alguma das listas de mães que participo, aparece uma mãe indignada com algum comentário que fizeram sobre o filho no sling. Bah, não entendo essa braveza.
  A amamentação também é tema recorrente. Quem não aumentou exclusivo 6meses sempre faz questão de explicar os motivos e dizer que "não-sou-menos-mãe-por-causa-disso". Que discurso mais cansativo... Como se tivesse um "porcentual de maternidade". Ah, eu sou mãe 90%, mas minha vizinha, coitada, é só 80%.O medo de ser julgadas é tão grande entre as mães internéticas, que a necessidade de se explicar é muito grande. Chato isso. Toda mãe já se julga, já se culpa e agora ainda tem que ficar preocupada com o que os outros vão pensar...
  E as outras julgam, mesmo. Eu mesma julgo. Ué, sou humana. Vocês também julgam. Às vezes em pensamento, às vezes em voz alta, às vezes com palavras. É normal, gente. Julga e deixa julgar, hehehe. É inevitável. Eu conheço mulheres que não queriam amamentar por medo de o peito cair. O quê? Que absurdo! Julguei mesmo!!! Mãe 10%!!!! Outras por preguiça! (mãe 20%). Outras por dor... (ok, o atenuante é bom, mãe 70% hehehe).
  E sabe o que é o pior? Algumas mulheres querem muito amamentar do jeito OMS de ser, mas por motivos fisiológicos ou por falta de orientação e excesso de pediatras e palpiteiros ruins, acabam não conseguindo levar exclusiva por muito tempo. Mas quando uma delas fala que não conseguiu, a gente não sabe se ela é realmente uma das honestas sem sorte ou uma das fingidas que mal tentou. Aí a gente acaba julgando mal. Por isso que o melhor é a gente ficar quieta. Como dizia a minha mãe: "Pensa antes de falar, Camilla". Ou de escrever, né mãe? Hehehe. :-)

  Quer saber o que mais? Eu acho que existe sim mães melhores que as outras. Existe, ué! Nem todo mundo é a melhor mãe que pode ser. A mãe que espanca o filho podia ser melhor. A mãe que deu coca-cola pro recém-nascido podia ser melhor. A mãe que deixa o filho chorando no berço e vai dormir no próprio quarto, fingindo que não tá ouvindo, podia ser melhor. A mãe que toma remédio pra secar o leite podia ser melhor. E também não concordo que toda mãe sabe o que é melhor pro próprio filho. Não, nem todas sabem. Ninguém é enciclopédia, ninguém nasceu sabendo de tudo. Às vezes não sabem por falta de oportunidade, às vezes por preguiça, mas enfim, às vezes não sabem mesmo!

  Mas tudo bem, vai, tirando essas aberrações da natureza, eu sei que toda mãe quer o melhor pro seu filho. A gente até erra, mas normalmente erra tentando acertar, fazer o melhor pro filho ser feliz e saudável. E tentando achar o equilíbrio disso tudo. Aliás, isso é uma coisa engraçada. Praticamente toda mãe se acha coluna do meio. Explico. Toda mãe tem umas conhecidas que ela considera mais "relaxadas" e outras que ela considera mais "radicais". Se eu dou bolacha salgada pro meu filho de 1ano, a colega que dá bolacha doce é relaxada. Já a que não dá bolacha nenhuma é radical, hehehe. Pra essa mãe que não dá bolacha nenhuma, nós que damos alguma bolacha somos relaxadas. Já pra ela, as vegetarianas é que são radicais. Já a vegetariana acha que está certa e nós somos relaxadas. Já as veganas é que são radicais. E as veganas acham que isso não é nada, que amamentar o filho até os 5 anos é que é radical.
  Enfim, a coisa não tem fim. Por isso, fiquemos todas felizes. Somos todas colunas do meio!!!
 



MÃE IMPERFEITA
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  Como uma boa mãe coluna do meio, não sou perfeita. Confesso que queria... Demorei tanto pra engravidar, tive que fazer tratamento... Aí quando engravidei queria tudo perfeito, porque talvez fosse a única chance. Que tipo de mãe eu sou? Agora vocês finalmente vão saber. Eu sou assim:
- Primeiro queria um parto perfeito! Natural, humanizado, sem cortes e sem sofrimento pra mim nem pro bebê. Saiu tudo meio doido e acabei tendo um parto normal de um bebê sentado com uma anestesia que será sempre uma das minhas melhores amigas!
- Aí queria amamentação perfeita! Bem... por quantos os números estão sendo atingidos, mas o começo foi traumático, como já contei.
- Quando o Nathan começou as papinhas, eu queria papinhas perfeitas!! Comprava legumes orgânicos, cozinhava no vapor, temperava com zero de sal, usando salsinha, cebolinha e coisas assim. Pra não esquecer de variar o cardápio, anotava todo dia na porta da geladeira o que ele tinha comido.
- Queria que ele não visse televisão. Não que eu achasse que ele nunca ia ver. Só queria evitar que virasse aquelas crianças que fica o dia todo com o olho grudado e não brinca, não faz esportes, não faz mais nada. Assim, até perto de 1 ano realmente quase não usamos esse recurso. Mas chegou uma hora que eu tive que assumir que ele é filho de pais que assistem tv! Ou a gente para de assistir e dá o exemplo ou relaxa. O Alessandro, por algum motivo, adora aquele barulhinho de fundo. Ele liga mesmo quando tá no computador ou na cozinha. Enfim, acabei comprando a Galinha Pintadinha e achei lindo ver o Nathan dançando em frente à tv. :-) A BabyTv também foi, muitas vezes, o único jeito de eu ir no banheiro!
- Eu queria usar fraldas de pano. Ah, as fraldas de pano. Desde grávida eu sempre dizia que queria pelo menos experimentar. Até hoje nada, zero. Primeiro eu estava cansada demais, depois continuava cansada, depois tava quase na hora de mudar pro Canadá e não compensava... Ainda não desisti do projeto, mas também não fui atrás. Se eu trombasse com elas na toys r us acho que compraria. Mas ficar caçando sites que vendem, pesquisar qual é melhor, com recheio, sem recheio, regulável, tamanho fixo... Ah, tô com preguiça, vai. Aí não vai dar tempo de escrever meus posts gigantescos aqui no blog. :-P
- Eu queria dentes perfeitos, mas dei chupeta pro Nathan e até ele fazer 1 ano só escovava os dentes de vez em quando, confiando que estavam pelo menos fazendo uma boa escovação na escolinha.
- Queria sentir só alegria por finalmente ter meu filho, mas às vezes senti dor, senti cansaço, senti raiva por ter que levantar da minha cama pela décima vez, tive preguiça de levá-lo pra passear, senti culpa por mandá-lo pra escolinha, senti remorso por ter ido pro shopping e o deixado com o pai...
- Eu resolvi que o Nathan não comeria açúcar até completar 2 anos, mas...
  * deixei experimentar um brigadeiro no aniversário.
  * Não me divorcei quando o Alessandro o deixou experimentar sorvete.
  * deixei tomar um suco adoçado quando estávamos de visita na casa de um amigo numa situação pra lá de delicada, se recuperando de quimioterapia e eu não achei apropriado deixar o Nathan gritando.
- Eu queria amor perfeito! Ah, esse eu consegui. :-) Amo meu filho mais do que tudo.  


CAPÍTULO FINAL
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  Avisei que ia ser gigantesco, né? Mas já tá acabando. 10 centavos de prêmio pra quem leu até aqui. Para resgatar, comentem dizendo "Eu li, cadê meus 10 centavos?".
  Ser mãe é tudo isso. A gente erra, a gente acerta. A gente julga, é julgada. A gente decide, a gente muda de opinião. A gente vai levando, vai descobrindo, vai se transformando.
  Eu me considero uma boa mãe, sim. Mas sendo mãe a gente entende várias escolhas das outras mães, mesmo não concordando. Eu não dou chocolate pro Nathan, mas dá pra entender. Afinal, é tão bom ver o filho da gente se deliciando com uma comida! Eu durmo com o Nathan, mas dá pra entender a aversão à cama compartilhada, a vida do casal tem que sofrer ajustes. Eu dou chupeta, mas entendo totalmente a preocupação com o desenvolvimento da arcada dentária e do maxilar das crianças. Por aí vai. Eu só me acho boa mãe, não a dona da verdade.
  Minha irmã é ótima mãe, mesmo sem nunca ter pesquisado o que é lecitina de soja no google, hehehe. Se eu e o Alessandro morrermos, ela pode cuidar do Nathan (ok, acho que essa só vai ter graça se você já assistiu um certo episódio de Friends, hehehe).
  Minha mãe é ótima mãe, mesmo já tendo me dado chinelada. Essa foi quando eu comi um pedaço de bolo com visitas em casa, quando ela tinha falado pra eu não fazer isso, porque não tinha o suficiente pra todo mundo. Ah, eu tava com fome, mãe. :-) Lembra desse episódio?
  Tenho amigas que eu considero ótimas mães, mesmo dando danoninho pros filhos. :-)
  Tenho uma ex-amiga de internet que cortou relações comigo porque me achava muito radical. Péssima amiga, mas parece ser ótima mãe.
  Tenho uma conhecida que deu leite de vaca, de caixinha, pros filhos bebezicos de tudo, mas que ainda assim é uma ótima mãe. Ela não sabia. Quando os filhos dela nasceram, ela simplesmente não sabia que não podia! Nunca leu em lugar nenhum, nunca ninguém explicou... Acontece!
  Arggg, esse post é a coisa mais confusa e sem foco que já escrevi. Reflexo da minha vida confusa. Espero não ter escrito muita besteira. Mãe, juro que tentei pensar antes de escrever, mas agora o sono já tá grande, não tô mais pensando direito, hehehe. Melhor parar por aqui. Porque na teoria eu achei que quando o Nathan tivesse 1ano e 4meses eu já poderia dormir a hora que eu quisesse. Mas na vida real ele tá mandando na minha hora de dormir e tá quase meia-noite. Vou lá antes que eu vire abóbora. Um beijo e tchau!

quinta-feira, 7 de abril de 2011

Sal com açúcar?

  Aiai, não dá pra elogiar...
  Vocês lembram que escrevi esses dias que aqui no Canadá tinha um monte de opções de sal? Pois é, aí fui lá, escolhi um tal de sal de mesa "table salt" e comprei. Abri, usei, o sal estava cumprindo sua função de salgar e tudo ia bem.
  A embalagem estava acabando, fui no mercado e comprei outro sal de mesa, mas de outra marca (tava mais barato). Aí hoje abri o pacote. Estava lá na cozinha esperando a água ferver e, enquanto o Nathan sapateava em cima do pacote de pipoca, fiquei lendo a embalagem. Ingredientes: Salt, Calcium Silicate, Sugar, Potassium Iodide. Peraí, sugar??? Açúcar???? AÇÚCAR!!! Grrr, que raiva! Eu fujo de açúcar mais que o Nathan da troca de fralda e vou dar de cara com ele logo no sal?
  Bom, não gosto de jogar dinheiro fora, então vou fingir que não vi e usar o sal normalmente. Ele tem gosto salgado, deve ser bem pouco açúcar. Francamente, não sei qual a utilidade do açúcar ali dentro... Será que é pra correr mais soltinho? Será que é pra economizar? Será que é pra atrair formigas? Vou até tentar descobrir depois. Mas que não compro mais essa marca, não compro! Humpf.

quarta-feira, 6 de abril de 2011

Não percam! 6a.feira, 8/abril, blogagem coletiva: Maternidade Real

  Já ouviram falar de blogagem coletiva? É quando várias blogueiras resolvem escrever sobre o mesmo assunto, no mesmo dia. Parece divertido, né? Tô dentro. :-) Já tinha visto a ideia algum tempo atrás, mas na época acho que o tema da vez não me interessou muito.
  Mas nesta 6a.feira, então, escreverei sobre Maternidade Real. A autora da ideia é Carol Passuelo, deste blog aqui: http://vinhosviagenseumavidacomum.blogspot.com. - "A idéia é falar um pouco de como a experiência é diferente da teoria, de como a vida real é diferente da idealizada. E que não há nenhum problema nisso!"
  Alguém mais se anima? 

 

terça-feira, 5 de abril de 2011

Bebidas

  Falei das comidas e do café, mas faltou duas bebidas importantíssimas! Pelo menos aqui em casa: leite e suco de laranja.
  Eu adoro um leite!! Se deixar, tomo de manhã, de tarde e à noite. Mas recentemente, internet vai, internet, comecei a ler por aí que o leite que compramos no supermercado, na caixinha, tão prático, não é tão bom quanto eu pensava. O processo de pasteurização destroi (destrói ainda tem acento?) uma enzima chamada fostatase, que é importantíssima para a absorção do cálcio. Logo, por mais que o leite tenha cálcio, se a gente toma leite de caixinha, o teor de cálcio absorvido é mais baixo. O leite desnatado também perde algumas coisas. (Um site interessante para quem quiser ler sobre o assunto é este aqui: http://pat.feldman.com.br/?p=1941). Outro que fala que todos-os-leites-são-ruins-não-deveríamos-tomar-nunca é este aqui: http://www.formerfatguy.com/articles/dont-drink-milk.asp#axzz1Ii0PUt1K
  Mas enfim, baixa absorção de cálcio não é tanto problema assim, já que outros estudos dizem que o corpo tenta se virar pra absorver mais cálcio quando a oferta é pequena. E vegetais também tem cálcio. Enfim, problema do meu corpo. Ele que se vire. Só queria tentar dar uma ajudinha, né? Ainda no Brasil eu comecei a tentar comprar leite de saquinho, igual antigamente. É que esse é apenas pasteurizado e não pasteurizado UHT, que significa temperaturas ultra altas! Quanto mais alta a temperatura, mais nutrientes se perdem. E voltei a tomar leite integral, o que não foi sacrifício nenhum, hehehe. É muito mais gostoso. :-)
  Outra vantagem do saquinho é que o leite é só leite. Dêem uma olhada no conteúdo desse leite de caixinha integral: Leite integral, vitaminas (C, A e D), pirofosfato férrico e estabilizantes trifosfato de sódio, monofosfato de sódio, difosfato de sódio e citrato de sódio. Bom, tá certo que esse é vitaminado. Mas mesmo um integral básico da parmalat tem estabilizante citrato de sódio. Já esse desnatado tem estabilizante citrato de sódio, tripolifosfato de sódio e fosfato trissódioco.

  Mas enfim, tô desviando do assunto. O que ia dizer é que em Jaguariúna estava bem difícil achar leite de saquinho tipo A, só achava tipo B. Tá certo que dá quase no mesmo. Os dois são só leite pasteurizado, só que o tipo A tem maior controle de higiene. E aqui no Canadá achar leite que é só leite é a coisa mais fácil que existe!! Todo mercado tem na geladeira esses leites frescos, sem estabilizantes. Só que também vem em caixinhas, o que é bem mais prático. E mesmo sendo só leite, tem várias opções. Eles não usam muito a classificação integral-semi-desnatado-desnatado. Eles indicam a porcentagem de gordura. Os com 3,25% ou 3,8% são integrais. O 2% é semi e abaixo de 1% é desnatado. Já vi até 0,1%.
  Acho que até existem os leites longa vida, que não precisam ser refrigerados, mas até agora não procurei. Estou satisfeita com essa opção. Mas devo dizer que baratos eles não são. Normalmente pago $4,50 na caixinha de 2 litros. Se for orgânico, uns $6.00. Mas orgânico eu só compro se estiver em promoção. :-)
  Esse aqui é bem bom. Ah sim, nem tudo é perfeito, é leite + vitamina D. Acho que no Canadá a lei obriga a adicionar vitamina D, porque ninguém toma sol no inverno. Uma hora vou pesquisar sobre isso...
  Mas leite até que eu não me preocupava tanto no Brasil. Era mais chato, mas possível achar o que eu queria. O difícil mesmo era achar suco de laranja sem açúcar. Engraçado como qualquer restaurante ou bar faz esses sucos, mas no mercado eu só achava suco de laranja adoçado. Estranho, né? Só tinha aqueles DelValle ou coisa parecida. Por 2 vezes apareceu no mercado em Jaguariúna uma marca de suco sem açúcar. Eu aproveitava e comprava várias caixinhas! E na próxima ida ao mercado... pronto, não tinha mais! Imagino que não tenha feito sucesso e retiraram do mercado. Interessante também que na motorola tinha. :-) Na geladeira do restaurante da mot tinha um suco de laranja fresco pra vender que não tinha açúcar. Era bem gostoso e nem era caro. Mas por algum motivo obscuro nunca achei aquela marca pra vender no mercado.
  Enfim, que tinha, tinha, só era um pouco mais difícil de achar. Já aqui... ah, como é fácil!! Eu vou na geladeira de qualquer mercado e tem umas 5 marcas de suco de laranja. Nenhuma tem açúcar ou qualquer aditivo e todas tem opção com ou sem polpa. Compramos de galão aqui em casa! Também tem outros sabores de suco sem açúcar. Acho ótimo, assim posso dar pro Nathan sem preocupações. Aliás, ele adoooora suco de laranja!

  E por falar em bebidas, o Nathan continua adorando vitaminas!! Hoje bati leite + iogurte + banana + maçã + pêra + mamão. Ele gostou que tomou o copo inteiro de uma vez, como se fosse água. :-)
  E pra terminar meu post com uma bebida, vou tomar um chazinho, que minha garganta tá meio ruim. Tchau pra vocês!

segunda-feira, 4 de abril de 2011

Comidas e cortes de boi

  Acho que já comentei que uma coisa legal de morar num país novo é ir no mercado e ter um monte de coisa nova pra experimentar. Uma dessas coisas é granola. Acho que já faz uns 10 anos que como granola no café da manhã todo dia. Tudo começou em uma época que meu intestino não andava lá essas coisas. Eu devia ter uns 20 anos, sei lá. Aí minha ginecologista falou que eu tinha que comer mais fibra. Eu realmente não comia muito bem nessa época. Até comia frutas de vez em quando, mas não gostava de salada e vegetais só comia os básicos, tipo cenoura, batata, milho, tomate...
  Aí cereal matinal me pareceu uma boa ideia. Primeiro comi all-bran, que era bem bléééé. Pra piorar era parecido com a comida da minha tartaruga, hehehe. Aí comecei a comer granola, que tinha praticamente o mesmo efeito e não era tão ruim. Ou então aveia. Enfim, assim se iniciou o hábito e até hoje, todos os dias, como granola com banana e leite no café da manhã, faça chuva, faça sol ou tenha pizza de ontem pedindo pra ir pro micro-ondas. :-)
  Agora vem a parte boa. Aqui tem um moooooooooonte de marcas de granolas. Muitas mesmo!! E a maioria é super deliciosa, muito melhor do que no Brasil. Ah sim, essas bem deliciosas também são mais calóricas. Mas compensa. Quando eu ainda trabalhava na motorola, já gostava das granolas americanas. Aí quando alguém viajava a trabalho pros Estados Unidos, eu pedia pra trazer granola pra mim. Tanta gente pedindo muamba e eu encomendando granola, era engraçado, hehehe. Agora eu já tenho uma marca preferida. Então estou intercalando essa marca preferida com uma novidade. Quero experimentar todas!
  Não sei se já comentei aqui sobre o café... Comprei um café solúvel, mais para aqueles dias de muuuuito sono, já que nunca achei esses cafés muito gostosos. Aí esses dias fui fazer e percebi que não tinha açúcar em casa. Mas como era para fins "terapêuticos" mesmo, não pra ser gostoso, resolvi fazer assim mesmo. Experimentei e... surpresa!!! É gostosinho! Eu sempre achei os nescafés no Brasil super amargos. Mas este aqui tem um sabor super suave, adorei!! Agora, quando quero tomar algo quentinho sem calorias, faço esse cafezinho e tomo sem açúcar, mesmo. Aí alguém me falou que no Brasil eles pegam os melhores grãos e exportam, por isso que o nescafé no Brasil é amargo. Poxa, estou começando a acreditar. Mãe, você que já gosta de café no Brasil, tem que vir me visitar logo! Acho que você vai adorar o café daqui. :-)
  Outra coisa que eu gostei muito: opções saudáveis. A maioria já sabe que não quero que o Nathan coma açúcar antes de completar 2 anos. Pelo menos essa é a meta. :-) Por outro lado, também acho chato ficar comendo sempre as mesmas coisas. No Brasil, nunca dei danoninho, por exemplo. Tentei uma vez iogurte natural misturado com fruta, mas ele não gostou muito. Bom, só tentei uma vez. Mas chegando aqui, achei uma marca de iogurte para bebês que é ótima!!  Não tem nenhuma adição de açúcar, o doce é todo das frutas. Feito com leite integral, sem aromatizantes artificiais, sem corantes, sem gelatina e ainda tem trecos vivos, igual yakult. :-) Não é 100% natural, mas já tá valendo. E o melhor é que ele gostou. Hoje à tarde abri a geladeira pra pegar alguma coisa, o Nathan tava perto, viu os potinhos de iogurte, foi correndo pegar um e ficou levantando pra mim, pra eu abrir. Que bonitinho. :-) Aí fui andando pra sala, abrindo, e ele foi correndo na frente, subiu no sofá e ficou sentadinho de frente pra tv, esperando eu levar. Ahhh, como é fofo esse meu Nathan! Dá vontade de ir lá acordá-lo só pra dar mais um abraço! Hmmm, pensando bem, não dá não. Deixa ele dormir que daqui a pouco ele acorda querendo mamar, hehehe.
  Esses dias fiz um sorvete, esse sim bem natural. Ia iogurte natural, creme de leite, berries (usei blueberry e raspberry), essência de baunilha e um pouco de mel pra adoçar. O Alessandro não quis nem chegar perto, hehehe. Também, com Haagen Daz no freezer, concorrência desleal! Mas o Nathan gostou bastante, que bom!! Porque as berries puras ele não achou muita graça. Principalmente a blueberry, que tem formato de bolinha, aí ele acha que é brinquedo e fica jogando no chão.
  Outra coisa boa são as bolachinhas. No Brasil ele comia club social. Mas mesmo a versão que a embalagem chamava de integral levava farinha refinada, que não é lá muito nutritiva. Aí comprei aqui uns biscoitinhos de arroz bem naturais e o Nathan adora! Eu normalmente levo quando a gente sai de casa e prefiro domar a ferinha, hehehe. Ele vai comendo um atrás do outro e pedindo mais, mais, mais. Marca de bolachas e biscoitos também tem de monte. Já comprei várias, todas integrais e o Nathan só não gostou de uma delas. Ele também gosta de pringles, que não é nada natural, hehehe. Mas essa ele só experimentou uma vez. Me pegou no flagra, aí tive que dar, né? Normalmente, tudo o que eu como ele come e vice-versa. E é por isso que não tenho açúcar em casa. Se não quero que ele coma, tenho que dar o exemplo, né? Errr, sim, tem sorvete no freezer e chocolate no armário, mas juro que é tudo do Alessandro, rsrsrs. :-)
  Ainda não estou sentindo muita falta de comidas do Brasil. Aqui tem arroz, tem feijão, tem carne, tem granola, tem leite, tem tomate, tem alface. Pronto, a base da minha alimentação tá toda aí. :-) E hoje achei picanha no açougue, iuhuuu!!! O Alessandro fez no grill e ficou uma delícia, tão boa quanto no Brasil. Mas confesso que essa não foi tão fácil de achar. Eles cortam o boi de um jeito bem diferente. Para fins didáticos, segue abaixo o mapa dos cortes do boi no Brasil:

  Agora vejam como o boi é cortado por aqui:

  Captaram o problema? Diz a lenda que picanha é sirloin. A figura não é muito boa, mas enfim o que normalmente acontece é que quando você pede "sirloin", dependendo da fatia, pode vir qualquer coisa. Pode ser alcatra, maminha, contrafilé, etc. Menos filé. O filet mignon eles cortam direitinho e chamam de "tender loin", que eu poderia traduzir livremente como  "lombo macio". :-)
  Depende do açougue ou coisa parecida, o sirloin é mais dividido, como abaixo


  Mas acho que os açougueiros aqui são meio indecisos. Hoje, por exemplo, eu comprei "top sirloin". E ele não seguiu essa 2a. figura, não. Veio umas fatiazonas de carne que pelo que eu decifrei começavam ali no meio, onde eles chamaram de top sirloin (e eu de alcatra) e ia até em cima, onde eles chamam de sirloin e eu chamo de picanha. :-) E por sorte estava com a gordura, ebaaaa. Porque em todos os restaurantes onde já pedi sirloin, até hoje, vieram sem gordura. E onde já viu picanha sem gordura? Quiabo surdo!!
   Bom, picanha comida, ainda restam alguns itens a serem encontrados. Não que eu tenha procurado, mas nunca trombei aqui com pão de queijo, coxinha, risoles nem pastel. Mas já vi esfiha, guaraná e até tapioca. :-) O pão de queijo eu agora tenho 2 pacotes que minha mãe mandou, ebaaa! Já coxinha, risoles, pastel acho que vou ter que fabricar eu mesma. Ou então procurar no bairro onde moram os brasileiros em Toronto. Ouvi dizer que eles se concentram no bairro "Little Portugal". Fui num mercado lá uma vez e no painel de classificados tinha alguns anúncios em português. :-)

  Que mais? Ah, adoro as opções de berries aqui! Cereja, framboesa, morangos, blueberry, raspberry, nham nham. Cogumelos grandões. 15 tipos diferentes de maçãs (sim, eu contei um dia desses no mercado, hehehe). French vanilla, um tipo de cappucino sabor baunilha que é uma delícia! Sorvete Haagen Dazs que só custa $4.00 o pote! Milhões de tipos de pães, incluindo pão francês igual do Brasil.

  Ufa, melhor terminar logo esse post que já tá me dando fome. :-)

sábado, 2 de abril de 2011

País de velhinhos

  Normalmente ninguém fica muito feliz com a ideia de envelhecer. Mas se for pra ser velho, bom mesmo é morar no Canadá! Estou impressionada em ver como a vida deles é melhor por aqui. Bom, pelo menos em Toronto.
  Tudo já começa com a acessibilidade para os cadeirantes. Até agora, não vi nenhuma calçada sem guia rebaixada nas esquinas. A grande maioria dos prédios ou estabelecimentos com escada tem rampa ou um mini-elevadorzinho pra cadeirantes. Na verdade, em 2 meses aqui, até agora só vi UM lugar que tinha escadas mas não rampa nem coisa parecida. Era um McDonald's lá do centrão. Eu IA entrar lá, mas estava sozinha com o Nathan dormindo no carrinho, então desisti. Tirando também esse McDonald's, praticamente todo prédio tem, a cerca de 1,5metro da porta, um botãozinho pros cadeirantes apertarem e a porta se abrir automaticamente. Ótimo, né? Assim os cadeirantes podem andar desacompanhados por aí.
  Outra coisa que ajuda são os meios de transporte. Do lado de fora dos ônibus também tem um botão que os cadeirantes podem apertar, aí uma parte do ônibus (bem do lado do motorista) abaixa até o nível do solo, a pessoa sobe, depois aquela parte sobe de novo. Mas acho que essa facilidade não é assim tão popular, até hoje não vi ninguém usando. Acho que os cadeirantes preferem o metrô.
  Embora nem toda estação tenha elevador, a maioria tem. As mais novas já foram bem projetadas e os elevadores ficam super bem localizados. As mais antigas vão sendo reformadas aos poucos. Mas pelo menos as informações são muito boas e todo mapa de metrô tem um símbolo indicando se aquela estação é acessível ou não. Eu sempre presto atenção nisso, porque com o Nathan no carrinho é bem mais fácil se tiver elevador. Quanto estamos eu e o Alessandro, ainda dá pra carregar o carrinho na escada. Mas sozinha já não dá. Por enquanto só andei de metrô sozinha com o Nathan uma vez, das outras vezes estávamos sempre nós três. Mas, como o Alessandro começa a trabalhar 2a. feira, é bom que eu já esteja acostumada.
  Aqui o pessoal da 3a. idade é às vezes chamado de older adults, ou "adultos mais velhos". :-) Bonitinho, né? Hehehe. No Brasil eu sei que tem atividades para a 3a. idade nos SESCs, mas não sei muito sobre o assunto. Já aqui, vi por acaso no centro comunitário aqui perto que tem um mooooooonte de atividades para eles. Aulas de hidroginática, sessões de cinema, danças, aulas de culinária... Bom, não lembro de tudo porque não estava prestando atenção. Mas sei que todos os dias tinha umas 3 ou 4 atividades, tanto de manhã, à tarde e à noite. Os vestiários e banheiros do centro comunitário também são projetados para que cadeirantes possam utilizá-los. Aliás, até a piscina tem rampa!! Mas não sei muito bem como ela é utilizada.
  Tem outros benefícios financeiros para seniors, também. Agora é época de imposto de renda por aqui e eu vi as propagandas falando de 2 benefícios para os esses cidadãos. Um era para quem é dono de uma casa. Eles ganham uns $500 de desconto no imposto de renda. Se eles não pagam, então recebem os tais $500. Os seniors que tem renda mais baixa tem um outro benefício e também recebem tipo $1000. Ah sim, renda baixa por aqui ouvi dizer que é menos de $30.000 por ano, ou seja, $2500 por mês.
  Outra coisa importantíssima é o sistema de saúde. Aqui ninguém tem que se preocupar que o plano de saúde vai ficar muito alto com o passar dos anos, simplesmente porque NÃO EXISTE plano de saúde privado. Aqui a saúde é toda pública, todos os hospitais são públicos e por aí vai. E diferentemente do sus, a coisa funciona. Claro que acaba tendo regras, senão vira a casa da mãe joana. E se não for emergência talvez você não seja atendido tão rápido quanto gostaria, mas em caso de urgência você vai ser passado na frente. E se tiver uma doença grave, não vai morrer no corredor de um hospital, esperando vaga.
  Aqui todo mundo tem médico de família. Então, se você quiser uma consulta em um especialista, o seu médico de família tem que indicar. Isso é pra evitar que os hipocondríacos ou desocupados fiquem usando o sistema de saúde à toa e tomando o lugar de quem realmente precisa. Faz sentido, né? Eu mesma já fiz uns exames preventivos no Brasil bem inúteis, só porque tinha plano de saúde e podia fazer. Por exemplo, todo ano eu fazia exame pra ver meus níveis de colesterol, triglicérides e glicemia. Pra quê? Eu sempre fui magra, saudável e todo ano eles estavam ótimos. Besteira, né? Pois é.
  Bom, mas só vou saber melhor como isso funciona quando chegar minha carteirinha. Na nossa província, Ontario, nos primeiros 3 meses a gente não tem direito a usar o sistema de saúde. Acho que eles fazem isso pra evitar que o pessoal venha doente, se trate e vá embora. Vi um documentário dizendo que vários americanos fazem isso. É que nos Estados Unidos é exatamente o contrário daqui. Lá não existe saúde pública, é tudo pago. Com exceção, talvez, de alguns veteranos de guerra ou coisa assim. Aliás, recomendo o documentário "Sicko" do Michael Moore, é bem interessante. Um dos casos que ele mostra é de um homem que cortou 2 dedos fora (acho que com uma serra, não lembro). Colocou os dedos no gelo e correu pro hospital, a tempo de grudar de novo. Mas... ele não tinha plano de saúde. Então falaram pra ele que o dedo maior custaria tipo 20.000 dólares e o menor 15.000. Não lembro direito dos valores, mas era nessa ordem de grandeza. Aí o cara pensou na conta bancária, considerou valor, dívidas, etc e... recolocou só um dos dedos e jogou fora o outro. Triste demais, não? :-( Perder um dedo por não ter dinheiro. Mas enfim, isso já é outro assunto.
  A única amostra do sistema de saúde aqui eu tive 1 mês atrás. Tava com mastite e precisando de antibiótico, então fui numa "walk-in clinic". Esse é um tipo de clínica que você pode ir pra se consultar com um médico, sem ter que marcar consulta. Como se fosse um pronto socorro para casos que não são de emergência. Qualquer um pode ir a qualquer hora, não precisa falar com o médico da família nem nada. Beleza, fui. Como ainda não tinha cumprido meus 3 meses de carência, tive que pagar a consulta. Não lembro se paguei $60 ou $130... Preenchi a ficha e me falaram que provavelmente ia esperar 60-90 minutos. Era perto da hora do almoço, então fui almoçar e voltei.
  Com exatos 90 minutos me chamaram. Aí veio uma enfermeira ou assistente, sei lá, me fazer as perguntas básicas, o que eu estava sentindo, alergias, etc, anotou tudo e me falou pra aguardar. Fiquei mais uns 20 minutos na salinha esperando o médico. Bom, pelo menos dava pra esperar deitada e tinha revistas lá. :-) A "consulta" propriamente dita bateu recorde de velocidade. Também, eu já cheguei lá com o diagnóstico pronto e até com a medicação. Falei "estou sentindo isso, isso e isso, portanto é mastite. Para mastite, os melhores antibióticos são x, y e z". Mostrei pra ele o texto de uma clínica de amamentação de Toronto com a lista dos antibióticos recomendados. Ele perguntou qual eu já tinha tomado (pra ter certeza que não daria reação), eu escolhi um deles e pronto! Ele escreveu a receita e tchau. Não chegou a se sentar, não pediu pra ver o vermelho no peito, nada. Então tá, né?  
  Mas enfim, voltando aos velhinhos, também parece que eles estão bem mais presentes por aí. A pirâmide demográfica aqui acho que não é mais uma pirâmide. Bom, não é à toa que o Canadá fica deixando imigrantes virem pra cá, né? Precisa de gente nova trabalhando, pra poder bancar os idosos. Seja como for, é muito comum encontrar o pessoal da 3a. idade andando por aí. Também tem muita gente com cadeira de rodas motorizada nas ruas. Ah, e as calçadas aqui são ótimas pra se andar! São largas, espaçosas, tanto nos bairros quanto no centro. Bom, tem que ser, né? Afinal, no inverno boa parte delas está tomada pela neve.
  E por último, obviamente, as vagas de estacionamento para cadeiras de rodas são respeitadas!!
  É, eu ainda não se vou ficar morando pra sempre no Canadá, mas é pra cá que eu quero vir quando for velhinha. :-)